LOGÍSTICA DE CRISE NAS VINÍCOLAS

Baixa adesão marca protesto pela continuidade do engarrafamento

Uma fração significativa dos trabalhadores, compreensivelmente, não parou na frente da Almadén, ontem

Vários vereadores estiveram presentes, entre outros agentes políticos

Todos esperavam mais. Números maiores, de trabalhadores e da sociedade em geral. Porém, pouco mais de 100 pessoas realizaram, entre 7h e 9h30 de ontem, uma manifestação pela permanência do engarrafamento da Almadén em Livramento.

A adesão foi pequena, embora, pela primeira vez, as forças sociais estiveram, efetivamente, ao lado dos trabalhadores na luta pela manutenção do setor e repudiando demissões que possam ocorrer no já definido processo de transferência do envase para Bento Gonçalves.

Cerca de 50 trabalhadores assistiram à primeira etapa da mobilização, em que se pronunciaram o prefeito em exercício Edu Olivera, o presidente da Câmara, Gilbert Gisler (Xepa), lideranças sindicais e outros vereadores. Momentos depois, o supervisor de vinhedos, Vinícius Dutra conversou com os trabalhadores – que atenderam ao chamado – pedindo para que eles iniciassem o trabalho.

Foi o momento em que esvaziou a mobilização, pois apenas dois funcionários não dirigentes sindicais permaneceram do lado de fora, na sequência do protesto. Também a representação das frações de forças sociais – exceto pelo Executivo e Legislativo – foi pífia, ao contrário do esperado, eis que um reduzidíssimo número de pessoas não ligadas ao movimento sindical ou ao contexto político foi até a frente da Almadén para integrar a movimentação.

O brigadiano assiste à conversa entre Luciana Morel e os sindicalistas Paulo Madeira e Vera Henquer

Em determinado momento, chegou a ser criado um impasse, quando Luciana Braz Larruscaim Morel, responsável pelo RH na administração da unidade local da Miolo e outros integrantes do comando local da indústria, solicitaram aos sindicalistas que retirassem os três veículos que bloqueavam as duas entradas principais da planta industrial.

Vera Henquer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, e Paulo Madeira, secretário de políticas sociais da Federação de Trabalhadores na Alimentação, representando os sindicatos ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT) queriam que a empresa determinasse que uma fração de trabalhadores saísse para ouvir as manifestações dos sindicalistas e autoridades, alegando que uma parcela entrou direto, no início da mobilização, e não parou.

 

Vera Henquer lamentou a participação reduzida, mas disse que é preciso entender os trabalhadores nessa atitude, dadas as ameaças de sanções administrativas

De outra parte, o impasse perdurou, ante a não cedência de qualquer dos lados, mesmo após uma conversa mediada por policiais da Brigada Militar – que foram chamados pela administração da empresa – até o fim do protesto. Uma outra estratégia foi adotada pelos integrantes da administração da unidade vinícola: determinaram que os trabalhadores fossem a pé por dentro da planta industrial até os vinhedos, sem uso do ônibus que os transporta.

O término do protesto ocorreu quando começaram a se retirar, por volta de 9h20, alguns dos participantes. Os sindicalistas decidiram encerrar a mobilização.

O próximo passo

O passo seguinte na tentativa – muito mais de fomentar o setor vitivinícola – do que concretizar a reversão da decisão da Almadén e também da Cooperativa Nova Aliança, é agregar o maior número de pessoas a uma comitiva que estará se dirigindo a Porto Alegre na próxima semana para, provavelmente na terça-feira, conversar com o governador Tarso Genro. Os santanenses vão pedir ao mandatário estadual que estude com celeridade uma forma de estímulo para as empresas, a fim de evitar situações como a que hoje ocorre em Livramento, sobretudo garantindo postos de trabalho e retorno de ICMS.

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