Síndrome Alcoólica Fetal atinge uma criança a cada mil nascidas

A maternidade, que deveria ser um período especial, pode se transformar em uma época de preocupação com a saúde do bebê, se a gestante não seguir à risca as orientações médicas 

Pediatra Marco Aurélio Righi

Gestantes, ao fazerem uso de bebidas alcoólicas, passam a droga para o bebê, provocando efeitos tóxicos, consequências da Síndrome Alcoólica Fetal (SAF). O objetivo de se realizar uma campanha sobre esse assunto é difundir a doença, que já atinge uma criança a cada mil nascidas, e informar que a abstinência ao álcool no período pré-conceptual e pré-natal previne é fundamental.

O consumo de bebidas alcoólicas prejudica algumas áreas do cérebro do bebê e compromete funções importantes, como o equilíbrio, aprendizado, memória e o relacionamento social. A doença tem vários níveis de gravidade, podendo provocar alterações no rosto, atraso no crescimento, má coordenação motora, retardo mental, dificuldade de aprendizado, déficit na memória e problemas de relacionamento. Além disso, o recém-nascido irá apresentar dificuldade de sucção e irritabilidade durante semanas ou meses.

A ingestão de álcool entre mulheres grávidas é uma realidade nos dias atuais, porém isso deve mudar. De acordo com Natalia Ivone, secretária de Saúdedo município, a campanha esclarecedora e de conscientização sobre a “Síndrome Alcoólica Fetal” já está prevista: “O assunto já está em pauta e discussão, porém, não há data definida ainda para iniciar a campanha. Assim que o município defini-la, fará a divulgação e entrará em contato com o jornal A Plateia para dar informações e esclarecimento à sociedade”, declarou.

O crescimento da síndrome vem preocupando profissionais de saúde de todo o Brasil, já que o País está ocupando posição de destaque no ranking mundial, como um dos maiores produtores e consumidores de álcool, de acordo com pesquisa realizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS). De acordo com dados do IBGE, o uso de bebida alcoólica é maior entre as meninas, segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (Pense 2012), colhidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A pesquisa declara que 51,7% das meninas, entre 13 e 15 anos, afirmaram já ter bebido. E é cada vez mais precoce o início de uso de álcool entre adolescentes mulheres em idade fértil, até de forma abusiva, durante a gravidez.

Para saber se uma criança tem a síndrome, alguns sintomas podem ser detectados, como: retardo de crescimento pré ou pós-natal; envolvimento do sistema nervoso, atraso do desenvolvimento neuropsicomotor (DNPM) e alteração do QI e do comportamento; dismorfismo facial que compreende microcefalia, microftalmia e ou fissura palpebral pequena, filtro nasal hipoplásico com lábio superior fino e hipoplasia de maxilar. Não é necessário que a criança apresente, necessariamente, todas essas características. As alterações físicas causadas pela doença se tornam mais evidentes entre os dois e os dez anos.

De acordo com o pediatra Marco Aurélio Righi, “o ideal é que a mãe se abstenha totalmente da ingestão de álcool, pois não há estudo ainda que comprove qual é a quantidade que prejudica o feto. Os três primeiros meses da gestação são os meses em que o feto desenvolve o sistema nervoso central, com isso a grávida deve abster-se 100% da ingestão de bebida alcoólica. As sequelas da síndrome são irreversíveis, o que o pediatra faz com a criança, após o nascimento, é um acompanhamento para minimizar os efeitos da lesão. Na adolescência, o que dá pra perceber melhor são as dificuldades de aprendizado e baixo QI, além do distúrbio comportamental, em que o jovem provavelmente fará uso de drogas e bebidas alcoólicas”, esclareceu o especialista.

Por isso, durante uma visita ao profissional de saúde ou uma consulta médica realizada no período gestacional, é fundamental que a mãe informe se consumiu alguma bebida alcoólica, para que se possa descobrir se a criança tem SAF e receber o tratamento o mais rápido possível.

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