Uma ambulância para Sant’Ana

A busca por um veículo do gênero, necessário para Livramento, gera debate na Câmara, durante sessão ordinária e comprova que precisa haver mais comunicabilidade entre os poderes constituídos

Tatiane Marfetan, indignação com a demora

Livramento precisa de uma ambulância. Uma, não, algumas. Isso todo mundo sabe. O que poucos têm conhecimento é que vários vereadores já pleiteiam veículos do gênero, porém, na Secretaria de Saúde do Estado Gaúcho, até a última sexta-feira, não havia oficialmente protocolado sequer um pedido.

É perceptível que há falta de comunicabilidade entre alguns vereadores em seus pleitos fora do âmbito Legislativo, bem como do próprio poder e seus membros, com as esferas da administração municipal.

A constatação é lógica, a partir dos pronunciamentos realizados ontem, pela vereadora Tatiane Marfetan (PTB), que aguarda há mais de um mês por um documento da Secretaria Municipal de Saúde para enviar a seu contato no governo do Estado, o secretário do Trabalho Luis Augusto Lara, e direcionar o pedido. Outros, antes dela, haviam pleiteado uma ambulância para o município, pelo menos politicamente – se não houve oficialização-, justamente logo após a crise deflagrada quando o veículo do SAMU esteve na oficina mecânica.

A vereadora Tatiane Marfetan – que integra a bancada de apoio ao governo municipal – confirmou ter enviado, em 18 de abril, um ofício para o secretário Luis Augusto Lara, de seu partido, solicitando que se empenhasse para conseguir uma ambulância para Sant’Ana do Livramento.

“Considerando, atualmente, que Livramento enfrenta uma crise séria na área de saúde, fato que é de notório saber de toda sociedade santanense. Em complemento a estas observações, informamos que a falta de ambulância é motivo de grande aflição para a população” – sintetizou a legisladora, que, indignada, desabafou no plenário, durante a sessão de ontem.

A vereadora informa que está esperando pela liberação dos documentos pertinentes, referentes ao devido encaminhamento através da Secretaria de Saúde, há pelo menos um mês. Tatiane Marfetan procurou externar sua preocupação ontem mesmo, pela manhã, quando telefonou para a secretária Erika Zannini de Andrade, titular da pasta de Saúde, com a finalidade de conversar, visando agilizar o andamento de sua pretensão. “Entendemos, de forma muito clara, que todo o assunto que cuida de saúde pública requer urgência, e fui informada pela secretária que a documentação estará pronta em junho” – disse a vereadora, que viajou ontem à noite para Porto Alegre, onde participará, como integrante da Comissão de Orçamento e Finanças, do curso do Plano Plurianual, com seus colegas vereadores integrantes da comissão. Em função da viagem, Tatiane Marfetan marcou uma reunião com Luis Augusto Lara, para continuar as tratativas em torno da ambulância, mas, sem a documentação. 

Manifestações dos legisladores 

Carlos Nilo: falha no encaminhamento da secretaria

Oposicionista, Carlos Nilo Coelho Pintos (PP) não poupou a farpa. “Me causa muita estranheza o fato de que a vereadora Tatiane tenha que esperar tanto por um documento; aliás, parabéns pelo trabalho da vereadora. Creio que está havendo uma falha, inclusive de comunicação, de parte da Secretaria de Saúde, que está deixando a desejar nesse aspecto” – referiu.

Também integrante da bancada de oposição, Carine Frassoni (PMDB) usou de uma questão de ordem para se pronunciar. “Quero me somar à preocupação do vereador Nilo e da vereadora Tatiane, porque estivemos na Central de Urgências e Emergências e registramos que lá muitos municípios querem e estão pleiteando. Uruguaiana, por exemplo, tem 7 ambulâncias e Livramento, só uma” – disse a parlamentar. 

A experiência como defesa 

Dagberto Reis: defesa do governo com experiência

O presidente da Câmara, Dagberto Reis (PT), que na sexta-feira havia anunciado uma ambulância articulada politicamente na capital para o município, fez a defesa da pasta da Saúde. “Ao longo da vida, como homem de comunicação, aprendi, e todo profissional de imprensa sabe, que às vezes, para entrar em um baile, não basta ser amigo do dono ou do presidente do clube, é fundamental ser amigo do porteiro, que está ali, fazendo seu trabalho, porque o presidente está lá dentro e, de repente, não pode atender quando a gente chama na portaria. Por isso, digo à vereadora Tatiane, com base nessa experiência, que ela fez o pedido ao secretário Lara, que, por sua vez, deverá encaminhar pedido à secretaria de Saúde. Faço esta alusão, porque constatei que na Secretaria de Saúde não havia nenhum – repito: nenhum pedido de ambulância protocolado, oficializado para Livramento. Fui conversar com nossa particular amiga Martha Greceller, para saber qual era o procedimento para fazer o pedido formal e fui informado de que não havia nada oficializado. Poderia até ter tido uma audiência com o secretário Ciro Simoni, mas eu iria dizer o que para o secretário? Não tinha o que dizer, primeiro tem que fazer o pedido. Assim, já conversei com o prefeito Glauber Lima, com o secretário Fabrício Peres da Silva e com a secretária Érika Zannini de Andrade sobre isso. Não precisa muita coisa. Basta um documento solicitando a ambulância e o preenchimento de um plano de trabalho que está disponível na internet” – explanou Reis.

O vereador situacionista afirma que não é sua ideia reivindicar a paternidade da ambulância. “É lícito, é papel da oposição cobrar, porque faz parte da construção do caminho. Às vezes, é preciso ir por outro caminho, e foi o que fiz. Não pedi audiência com o secretário Ciro. Poderia ter pedido, mas ele diria, traga o pedido e leve a ambulância. Como o pedido ainda não foi feito, o que eu iria dizer ao secretário?” – questiona o legislador.

Reis também citou pleitos anteriores em prol de uma ambulância, além de Carine Frassoni, Danúbio Barcellos, Germano Camacho, e da própria Tatiane e de Carlos Nilo, desde que o município ficou sem a unidade móvel da SAMU, mas fez questão de frisar que não se trata de uma ambulância do gênero.

O próprio pedetista Gilbert Gisler, o Xepa, que é do mesmo partido do secretário Ciro Simoni, já havia feito pleito pessoal para que o município recebesse uma ambulância.

Por fim, a questão é: em não havendo contrapartida (caso apenas de uma ambulância avançada – cujo custo de manutenção, conforme a vereadora Tatiane Marfetan, seria de R$ 126 mil), torna-se possível, mediante esforço dos vários vereadores, não uma, mas a destinação de duas ou mais ambulâncias para o município.

Carine Frassoni: Uruguaiana 7 versus Livramento 1

Toda a questão se restringe a articulação prévia, já que, segundo deixou claro Dagberto Reis, o interesse é de que o município seja contemplado, independentemente de quem seja “o pai da criança”.

Se, de um lado, os vereadores precisam conversar entre eles – exceto se observarem a questão sob o prisma político, o que, conforme a expectativa geral, não deve ser verdadeiro -, por outro, também é preciso que o Executivo dialogue internamente e com a Câmara, haja vista a inadmissibilidade de um parlamentar ter que esperar por mais de 30 dias por um documento ou um procedimento, como foi o caso narrado por Tatiane Marfetan.

 

 

 

 

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