Prefeito analisa viagem a Israel e Palestina, confirmando retorno positivo para o município

Glauber Lima afirma que são muitas as possibilidades de negócios com o Oriente Médio, enfatizando, de forma direta para Livramento, as questões da cultura de oliveiras e também tecnologias de irrigação de Israel

Prefeito Glauber Lima, durante as agendas realizadas no Oriente Médio

O prefeito Glauber Lima, atendendo a convite da produção do Canal Livre, da RCC FM, participou ontem do programa. Acompanhado do empresário Raed Shweiki, o mandatário santanense disse enxergar muitas potencialidades advindas das relações entre o Estado gaúcho e Israel e Palestina. A síntese, a seguir, aponta a avaliação do primeiro mandatário santanense em relação à viagem.

A comitiva, liderada pelo governador Tarso Genro, teve as presenças de secretários, deputados, empresários (como os santanenses Antônio Zuheir Badra e Raed Shweiki), o prefeito Glauber Lima e os prefeitos Eloi Poltronier, de Vacaria, e Dudu Colombo, de Bagé.

“Foi uma agenda densa e pesada, da manhã ao fim da tarde, em uma série de compromissos. Pudemos estabelecer convênios e termos de cooperação que vão se traduzir em benefícios para o conjunto do Rio Grande e alguns setores da economia” – avaliou Glauber Lima.

Especificamente para o município de Livramento, conforme o gestor municipal, em um balanço geral, foi um evento positivo. “Nós firmamos convênios com o centro político do Estado da Palestina, que é Ramalah – onde está a capital política, onde estão os ministérios, o mausoléu de Yasser Arafat – que prevêm cooperação cultural, econômica e institucional. Particularmente, na Palestina, nós temos o interesse de fomentar uma atividade do setor primário, que tem um enorme potencial econômico, o cultivo das oliveira. Temos aqui o Fernando (Rotondo), peruano, que plantou 30 e poucos hectares. No aspecto da ação do poder público, entramos agora nesse processo, em parceria com Bagé, através do plantio de um hectare experimental, com a nossa secretaria da Agricultura, na propriedade de um produtor rural nosso. Essas mudas são chilenas, se não me engano. Firmamos um convênio geral, através da Emater; um convênio guarda-chuva, para a troca de experiências, de conhecimento tecnológico e troca de mudas, lá da Palestina, para vermos quais as que se adaptam melhor à nossa realidade aqui da fronteira do pampa” – explanou o prefeito.

Glauber Lima informa ter conversado com alguns empresários e produtores rurais, salientando que este é um setor que tem um enorme potencial de retorno, de rentabilidade e que está no início.

“É como a uva, 30 anos atrás. Quem entrar nessa dinâmica tem uma possibilidade enorme de renda, pois nós queremos plantar e produzir o azeite de oliva, que tem uma demanda enorme, muito maior do que a produção” – comparou Glauber Lima.

Segundo o prefeito, ficou um acordo muito bem amarrado, tanto do aspecto do governo federal, do governo central da Palestina, quanto dessa relação santanense com Ramalah – que, com Livramento, é cidade irmã.

“Penso que, a partir daí, podemos estabelecer um cronograma de atividades, de trocas de experiências, da vinda de técnicos de lá para cá, para que essa nova atividade produtiva, de enorme potencial, possa se consolidar aqui em Livramento. Há 20 anos, a nossa produção leiteira era insignificante, e hoje estamos entre os 20 maiores produtores de leite do Rio Grande do Sul. A Applesa avançando e consolidando, a Coperforte avançando para a atividade industrial em breve. Assim como há 30 anos a gente tinha os parreirais, ali em canto de casa de estância e, com a vinda dos investimentos, temos o que temos, e ainda um enorme caminho a trilhar. Somando com a vocação tradicional, com esse enorme e valoroso rebanho bovino e ovino que nós temos, junto com a produção de arroz, a soja entrando no município, assim como o mel, que há 20 anos inexistia no cenário econômico de Livramento, hoje somos o segundo maior produtor do Rio Grande do Sul e o terceiro maior do Brasil” – manifestou o mandatário.

Para Glauber Lima, a produção de oliveira entra nesse cenário dinâmico, de diversificação, e com enorme potencial de rentabilidade. “Nós vamos nos reunir com produtores rurais, pois além de participar desse guarda-chuva, que é o olivais do pampa, vamos criar olivais aqui. Conversei com o governador, com Ivar Pavan, Lino de David, e disse a eles que, além de cooperação técnica, precisamos construir um programa sólido, com financiamento das nossas instituições de crédito, como o Banrisul, para que os produtores possam começar a investir, pois demora 5 anos para produzir o fruto e depois não precisa replantio. Vimos oliveiras de 2.000, 3.000 anos produzindo. Vamos procurar nossos produtores rurais para que participem. Creio que os frutos dessa missão, para Livramento, serão muito positivos” – pontuou o prefeito.

QUATRO PERGUNTAS PARA O PREFEITO GLAUBER LIMA

A Plateia – Quais os prazos para as ações concretas dos acordos realizados?
Glauber Lima - Conversei muito com o presidente da Emater, Lino de David. Vai ter um tempo, que não tem prazo delimitado ainda, mas temos urgência. A missão foi de estabelecer o conveniamento e tem toda essa parte de importação, exportação, enfim. Penso que em curto espaço de tempo, alguns meses, já teremos algo amarrado, porque a Emater vai formatar esse programa, organizar as principais linhas de ação, já pensando em agregar valor. Isso leva tempo, mas é uma política que não tem mais retorno.

A Plateia – Em relação à água, o que foi tratado?
Glauber Lima - Eles desenvolveram uma tecnologia simples, mas muito sofisticada, de irrigação. Simples, porque o grosso dela são as mangueiras, dessas de fundo de quintal. Lá, há 9 meses sem uma gota de água de chuva. Eles desenvolveram os equipamentos de goteamento, por uma hora, por meia hora, enfim, goteamento quando a planta realmente precisa, pois o resto é desperdício. Em razão da escassez hídrica, conseguiram chegar a essa tecnologia. O governo do Estado vai adquirir, agora, 2.500 kits de irrigação para micro espaços. Os kits deles são para 250 metros quadrados, o que é um enorme espaço para um hortigranjeiro. Nossas redes de supermercados locais têm um custo de logística tremendo para trazer hortifrutigranjeiros da Ceasa a cada semana. São 4 a 5 carretas que vêm para Livramento na semana. Com estufas e goteamento, as tecnologias que eles detêm, poderemos reduzir isso muito significativamente. Isso significa emprego, renda e redução do custo.
A Plateia – Qual o maior aprendizado trazido?
Glauber Lima – É que a gente enxerga esse potencial, mas não constrói as possibilidades para que seja possível concretizar. Esses 2.500 kits serão adquiridos agora, e a ideia inicial é de um total de 10 mil, para distribuição aos produtores. O governo tem um projeto de irrigação macro, que está em funcionamento, com financiamento do Banrisul. Nós precisamos ter a capacidade de produzir a irrigação. Nós seremos contemplados com esses kits e poderemos conversar, mais para frente, em comprar mais kits, para distribuírmos aos nossos pequenos produtores de hortifruti.

A Plateia – Entre as tecnologias, está a da plasticultura. Qual a avaliação dessa tecnologia, em especial?
Glauber Lima - Sim, eles têm uma tecnologia muito própria para a plasticultura, com a capacidade de produzir, utilizando as estufas. Por exemplo, eles têm uma produção de plástico para estufas com cinco camadas de plástico, o que não conhecíamos aqui, até então. Na plasticultura, aqui, nós usamos apenas uma camada. Alguém perguntou lá, durante a missão: “Como colocar estufa no Rio Grande do Sul, se vêm o granizo e o temporal, e rompe tudo?”. Mas olha a estufa que usamos aqui, com apenas uma camada principal. Lá, eles utilizam cinco. E funciona muito bem. Não se enxergam as 5 camadas, isso é tecnologia, e esse negócio está sendo fechado. Vamos ter aqui no Rio Grande do Sul. São enormes potencialidades que dialogam diretamente com a nossa realidade em Sant’Ana do Livramento. Acho que pegamos muito bem essa missão empresarial e os resultados para o município serão muito positivos.

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