Um conto de Khalil Gibran

Eu estava andando nos jardins de um asilo de loucos, quando encontrei um jovem rapaz lendo um livro de filosofia.
Por seu jeito e pela saúde que mostrava, não combinava muito com os outros internos.
Sentei-me ao seu lado, e perguntei:
- O que você faz aqui?
Ele me olhou surpreso. Mas vendo que eu não era um dos médicos, respondeu:
- É muito simples. Meu pai, um brilhante advogado, queria que eu fosse como ele. Meu tio, dono de um grande entreposto comercial, gostaria que eu seguisse seu exemplo. Minha mãe desejava que eu fosse a imagem de seu adorado pai. Minha irmã sempre me citava o marido como exemplo de um homem bem-sucedido. Meu irmão procurava treinar-me para ser um excelente atleta como ele.
- E o mesmo acontecia com meus professores na escola, o mestre de piano, o tutor de inglês: todos estavam convencidos e determinados que eram o melhor exemplo a seguir. Ninguém me olhava como se deve olhar a um homem – mas como se olhasse num espelho.
- Desta maneira, resolvi internar-me neste asilo. Pelo menos, aqui posso ser eu mesmo.

Os fatos

Alguém comentou com William James, filósofo e psicólogo americano:
- Você é a única pessoa feliz que conheço: tem sempre um sorriso nos lábios, mesmo em face às maiores dificuldades.
- Eu não vivo sorrindo porque sou feliz – respondeu William James.
- Eu sou feliz porque vivo sorrindo.

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Um rei persa perguntou a Saadi de Xiras:
- Nas tuas caminhadas pelas cidades de meu país, costumas pensar em mim e nas minhas obras?
- Ó rei, eu penso em ti, sempre que me esqueço de Deus – foi a resposta do sábio.

A reflexão

Do monge trapista Thomas Merton (em “Questões Abertas”):
“O reino de Deus é o reino do amor”. Mas se não existe a possibilidade de um nível de vida decente, e sem liberdade, justiça, educação na sociedade humana, como podemos edificar este reino de amor?
“Um homem faminto não está em condições de pensar em Deus – a não ser como fuga de seus próprios problemas, e isto não me parece um ato de fé”. Há santos que superaram suas adversidades, mesmo submetidos a condições impossíveis aos homens comuns.
“Entretanto, o reino de Deus não se limita aos santos, mas aos homens comuns como nós. Temos que tratar – nem que seja por egoísmo – de construir um mundo melhor para os outros: nosso desespero interior vai diminuir, e nossa vida passará a ter mais sentido. A convivência com pessoas alegres fará tudo mais fácil para nós mesmos”.

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