Do Alegrete para o mundo

A nossa intenção é meramente qualificar a referência de uma trajetória política, sem qualquer pretensão biográfica como muitos já fizeram com tanto brilhantismo, sobre Oswaldo Aranha, que saiu da Intendência do Alegrete em 1925, cargo para o qual foi eleito, para chefiar a representação brasileira na Organização das Nações Unidas em 1947, escolhido presidente da Assembléia Geral, quando foi criado o Estado de Israel. O mesmo espaço internacional foi ocupado novamento por Aranha, em 1957. Nestes mais de 30 anos de atividade política intensa foi deputado estadual, deputado federal, Secretário do Interior do Rio Grande do Sul, Ministro da Justiça, Ministro da Fazenda, das Relações Exteriores e Embaixador do Brasil nos Estados Unidos, dentre tantas outras funções políticas e partidárias. Impressiona a universalidade deste gaúcho da fronteira que foi protagonista no país e no mundo, com uma conduta irretocável e fina sensibilidade nas relações humanas. Não esteve sozinho, porque na maior parte de sua carreira política acompanhou Getúlio Vargas no Governo do Estado, depois nos movimentos revolucionários e no exercício da presidência da república. Era antes de tudo amigo de Vargas e com seu suicídio se afastou da política. A sua capacidade de articulador na pacificação e na busca de consensos era admirável a ponto de que geralmente lhe eram atribuídas as missões mais “espinhosas” na dinâmica política. Articulou em 1930 o movimento a partir do Rio Grande que alcançou todo o país, resistiu às inclinações fascistas do Governo Vargas em um determinado período e sempre manteve diálogo com seus mais ferrenhos adversários. Cultivava já naquela época em que as instituições gatinhavam o espírito republicano. Era firme nos seus encaminhamentos e propostas para as políticas públicas, sempre fundadas na larga experiência federativa e aprimorada formação jurídica. Era da sua estirpe a humaninade e simplicidade, tratando a todos com redobrada atenção e sem distinções. Em todos os espaços públicos que ocupou, nas esferas municipal, estadual e federal, sempre que necessário, fez escolhas pelos que mais precisavam da política pública, os menos favorecidos. Mesmo vindo de família fronteiriça de posses, era desapegado aos bens materiais e exercitava a atividade pública com total despojamento. É importante compreender, a par da inteligência superior dessa figura ímpar a presença de características marcantes do gaúcho, traduzidas na visão de mundo e na afetividade. Com efeito, pode parecer contraditório que alguém originário de uma região empobrecida num canto da América Latina ostente tanto senso universal. Mas tudo se explica pela convivência na Fronteira com o Uruguai e a Argentina, na época sobre forte influência Européia. Ademais o gaúcho é rude pela lida, pelo enfrentamento das intempéries, o trato com os animais e na mistura de raças, mas como latino se expressa com grande emoção e sentimento. É amigo, prestativo, fundado no afeto, na convivência coletiva e no amor à terra. O território onde habita. Tudo isto fizeram o grande homem público Oswaldo Aranha do Alegrete para o mundo.

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