Missão cumprida: 30 anos dedicados à enfermagem

A jornada de uma das mais antigas auxiliares de enfermagem da Santa Casa de Sant’Ana do Livramento chegou ao fim com a aposentadoria anunciada na última terça-feira

Maria Aparecida Cavalheiro (ao centro com o bouquêt de rosas) cumpriu seu último plantão na Santa Casa, na terça-feira

A grande missão daqueles que passam boa parte de suas vidas atuando nos setores ligados à saúde da população está diretamente relacionada com as incansáveis tentativas de fazer com que os enfermos deixem de sentir dor e se sintam cada vez mais confortáveis.

Nem sempre isso é possível, mas há uma verdadeira legião de profissionais, médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem e auxiliares de enfermagem que passam horas inteiras da vida debruçados sobre esta tarefa. Para alguns, o tempo parece voar enquanto percorrem intermináveis metros pelos corredores dos hospitais, dia após dia, chamado após chamado, tentando acalmar o sofrimento alheio.

Para outros, a carreira é tão plena de realizações, que quando é chegada a hora de se aposentar das atividades de uma vida inteira, fica o gosto de querer mais, pelo entusiasmo com que cada plantão foi cumprido. O relógio implacável que marca o passar de horas da vida anunciou, exatamente às 13h10 da última terça-feira, que a aposentadoria da auxiliar de enfermagem Maria Aparecida Cavalheiro, 60 anos, agora ex-funcionária da Santa Casa de Misericórdia, batia e a chamava para encerrar o seu último turno oficial junto à instituição. Passos largos pelo corredor, em direção à porta principal, sorriso regado por lágrimas insistentes no canto de cada olho, e um coração nitidamente apertado mas satisfeito com a história escrita com letra firme, ao longo dos anos de cumprimento de dever, estavam estampados na fisionomia da senhora que perdeu as contas de quantas vezes fez sumir a dor de pacientes internados nos quartos da Santa Casa, com injeções bem aplicadas. Do lado de fora, no saguão do hospital, colegas de uma vida toda aguardaram e aplaudiram de forma incansável a mulher que iniciou suas atividades com menos de trinta anos, e passou a vida inteira dividindo seu tempo entre a ausência da família, filhos e esposo, e sua parcela de contribuição para a qualidade de vida daqueles que necessitaram do seu apoio profissional. “Passei 32 anos da minha vida dentro da Santa Casa de Misericórdia. Aqui conheci grandes amigos, bons colegas e vi a vida acontecer de um modo diferente, ajudando a diminuir a dor daqueles que estavam precisando de conforto. Agora, vou desfrutar da minha família, ficar perto do meu esposo, dos meus filhos, me divertir”, disse ela, enquanto não paravam de chegar beijos e abraços dos companheiros de jornada.

Lembranças

Questionada sobre os principais fatos que marcaram sua carreira de mais de trinta anos na Santa Casa de Misericórdia de Sant’Ana do Livramento, Maria Aparecida Cavalheiro não hesitou em responder que o fechamento da instituição, fato ocorrido no dia 16 de outubro de 2009, foi o mais marcante. “Nunca pensei que viveria aquele momento. Foram dias, horas e meses de angústia, que tomaram conta de todos nós, mas que felizmente passaram, ficaram lá para trás, e hoje temos novamente o hospital funcionando”, disse ela. Maria Aparecida disse que o que fica de sua longa jornada é a lembrança dos colegas e a certeza de que o hospital que, na sua ótica já melhorou bastante, ainda tem muito mais a crescer e poderá ser um local ainda melhor, tanto para os trabalhadores, quanto para aqueles que eventualmente possam necessitar dos serviços que ali são prestados.

Reconhecimento

Na opinião de cada colega que fez questão de cumprimentar Maria Aparecida em seu último dia de trabalho, a certeza de uma desfalque na experiência, que somente os anos acumulados em muitos plantões são capazes de revelar. “Para o atual presidente do Sindisaúde, Silvio Madruga, também servidor da Santa Casa de Misericórdia, a homenagem dos colegas é um reconhecimento à competência de uma das mais qualificadas auxiliares que já passou pelo hospital.

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