- Jornal A Plateia - http://jornalaplateia.com/aplateia -

Raio-X da vida na periferia mostra retrato cruel da desigualdade social em Livramento

Posted By redacao On 6 de março de 2013 @ 9:13 In Geral,Manchete-Destaque | No Comments

A poucos minutos do centro da cidade, no Parque São José, dona de casa mora com sete filhos e um neto, em casa que ameaça cair a qualquer momento

[1]

A casa, localizada na rua Francelino Cursino dos Santos, travessa “A”, está prestes a cair. A família precisa sair em dias chuvosos

“… Não tenho quem me ajude. Sou pobre, tenho sete filhos e nenhuma expectativa de que as coisas possam melhorar. Tudo o que eu queria era poder deixar a casinha onde moramos um pouco melhor, mas nem isso eu consigo”. Segurando firmemente as lágrimas, e já quase vendo se esvair a coragem para enfrentar uma rotina dolorosa, quase no fim da Rua Francelino Cursino dos Santos, 135, Travessa “A”, mora a desesperança. Poderia também atender pelo nome de Elza Cristina Ernesto Coelho, 32 anos, sete filhos, separada do marido, um neto.

A casa cheia de arestas e frestas por onde é possível visualizar quase todo o interior, com piso ainda de terra e que fica alagada em dias chuvosos, gélida no inverno rigoroso e desconfortável 24 horas por dia, abriga a família da dona de casa, desempregada, que insiste em acreditar que, mesmo com chances remotas, a ajuda ainda é possível. “Eu gostaria de receber uma ajuda, nem que fosse para construir um banheiro para que meus filhos possam fazer as suas necessidades, pois nem isso eu tenho”, desabafa a mulher, que sorri e repete a todo instante que tem pessoas em piores condições do que as em que ela e sua família vivem.

Elza Cristina conta que resolveu se mudar para a pequena travessa quase escondida em uma das pontas do Parque São José depois que se separou do marido, algum tempo atrás. Antes, segundo ela, a família residia em uma outra casa, localizada na Vila Emília Jardim de Carvalho. “O lugar onde eu morava antes conseguia ainda ser pior do que esse aqui. Era horrível. Eu morava nos fundos da casa de um cunhado. Aí, eu me separei, e vim morar com meus filhos, porque ele bebia muito e não dava mais certo. Minha casa, agora, começou a ceder, porque foi feita toda com pedaços de madeira, ainda da casa velha e, além disso, as minhas faxinas pararam. A situação está muito difícil”, revelou ela, com os olhos marejados de lágrimas, que insistem em marcar presença, contrastando com a insistência demonstrada por Elza, que não quer chorar e ainda se mostra valente. No cômodo apertado, insalubre, roupas misturadas e esparramadas por cima das camas, que também servem de sofás para receber as visitas, ou de mesas na hora das refeições. O local escuro e recheado de perigos escondidos, principalmente na parte elétrica, é uma verdadeira bomba relógio prestes a explodir, seja na queda de uma parede, ou em um curto circuito provocado pelas instalações mal acabadas e sem proteção. A casa onde Elza Cristina vive com os filhos e um neto foi construída pelo próprio pai e pelo ex-marido que, segundo ela, pouco ajuda, porque também está sem emprego. 

Sem melhoras 

[2]

A moradora Elza Cristina Ernesto Coelho diz que faltam, inclusive, as condições mínimas de saneamento no local

“De lá para cá, eu só vou trocando o que é mais velho por aquilo que é um pouquinho melhor, sempre com doações. Recebo R$ 198,00 reais do Bolsa Família e é com esse recurso que atravessamos o mês. Isso não dá para quase nada. Isso que eu faço apenas uma refeição. Chega na metade do mês e já falta, porque são uns quantos para comer. A energia elétrica é compartilhada com a casa da minha mãe, e tenho que dividir o valor. Quando vem a conta da água tem que tirar desse restante para poder pagar. Tenho que pedir emprestado, de vez em quando, para poder ir levando. Aqui, falta tudo. Na minha casa falta tudo. Não tenho onde colocar as roupas. Aqui é só cama. Quando chove, é muito triste, porque molha tudo. Já perdi diversas vezes as camas dos filhos, porque apodrece e tenho que dividir os filhos, mandando uns para a casa da minha mãe e outros para a casa de um vizinho, para que possam dormir. Ainda tenho que desligar a luz quando chove, porque há risco de incendiar”, conta ela. 

Uma casa, quase sem nada 

“Meu sonho era ter um quarto para colocar as meninas, um guarda-roupas para guardar o que temos, fazer um banheiro para que todos possam tomar banho e fazer as suas necessidades, porque isso tudo tem que ser feito na casa da minha mãe. Eu só queria um lugarzinho melhor para os meus filhos”, revelou ela, ao mostrar o quão frouxa estão as paredes da casa e o telhado, praticamente inexistente, por onde entra a grande quantidade de água das chuvas. “A energia elétrica, às vezes, tem que ser desligada, e essa casa já quase pegou fogo duas vezes”, lembrou ela, ao falar dos dias que passa com os filhos. “Eu não me contento com o que eu tenho, mas ainda assim dou graças a Deus por ter um teto, porque tem gente que nem isso tem”, desabafou. A moradora da rua Francelino Cursino dos Santos, 135, Travessa “A”, espera agora pela ajuda da comunidade para que possa ver melhorada as suas condições de moradia.

 

Notícias Relacionadas


Article printed from Jornal A Plateia: http://jornalaplateia.com/aplateia

URL to article: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=71094

URLs in this post:

[1] Image: http://jornalaplateia.com/aplateia/wp-content/uploads/2013/03/P05_20130306_DV_casa.jpg

[2] Image: http://jornalaplateia.com/aplateia/wp-content/uploads/2013/03/P05_20130306_DV_casa_1.jpg

[3] Moradora do Refúgio Público quer a chance de ter seu próprio lar: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=128354

[4] Família sofre com transtornos causados pela chuva: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=126532

[5] Casas de Salud del Adulto Mayor pasan a dependencias del MIDES: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=110276

[6] BM prende suspeito de homicídio no Parque São José: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=101233

[7] Fogo destrói casa na Vila 300: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=93964

Copyright © 2011 Jornal A Plateia. All rights reserved.