Javali, a atual dor de cabeça dos produtores de Livramento, do Estado e de outras regiões do Brasil

População de animais, que se disseminou como praga no interior do município, está estimada em 5.000 cabeças e os ataques são frequentes

Exemplo de Javali Europeu tem levado preocupação aos produtores rurais de Livramento

Sem predador natural, potencialmente perigoso e integrante de uma população considerada gigantesca. Assim é o Javali, ou Javaporco, animal considerado selvagem e que tem tirado o sono de produtores rurais de todas as regiões do município. Alguns acumulam prejuízos que irão demorar bastante para serem recuperados.

De acordo com Ronaldo Lemes, um dos funcionários mais antigos da Associação e Sindicato Rural de Sant’Ana do Livramento, e que participa diretamente dos levantamentos feitos na cidade sobre os Javalis, a população atual está estimada em torno de 5.000 animais. “Estamos com uma população bastante grande em toda a nossa região. Cerrito, Sarandi e Sarandizinho são as localidades onde mais existem esses animais, embora também sejam vistos na região do Upamaroty. Há cerca de três anos, o grupo de Produtoras Rurais fez um levantamento no qual os proprietários dos estabelecimentos informavam à Casa Rural onde haviam encontrado animais. Naquele período, o número de notificações feitas por pessoas que informaram ter visto os animais em suas propriedades passou de mil. Temos um relato recente de um ataque ocorrido na Serra Nova, onde os Javalis ou Javaporcos comeram trinta cordeiros. Aqui no Sarandi, um produtor que comprou um carneiro em uma Exposição ocorrida em 2012, encarneirou, lhe rendeu dezessete cordeirinhos e os javalis comeram quatorze. Assim, a situação está ficando muito complicada”, revelou.

Ronaldo conta, ainda, que há pouco tempo foi feita uma tentativa de contar com o auxílio do Exército Brasileiro para erradicar a população de Javalis que não possui um predador natural, mas a ação esbarrou na falta de verbas. “Mostrei os pontos no mapa e o Exército passou para Brasília os custos, o que ficou inviável, porque a estrutura necessária se mostrou muito grande”, contou. 

Ações

Para o secretário de Agricultura de Sant’Ana do Livramento, Carlinhos Fernandes, esta é uma praga que precisa ser combatida, e para isso será necessária a promoção de uma ação conjunta. “Vamos preparar um projeto e buscar pareceria com o governo do Estado do Rio Grande do Sul e outros órgãos, para que juntos possamos encontrar a melhor solução e entregar tranquilidade para os homens e mulheres do nosso campo que convivem diariamente com este problema, temendo por perdas na sua produtividade e, muitas vezes, correndo severos riscos, inclusive à integridade física”, disse o secretário. 

Invasão

Os primeiros registros de introdução do javali-europeu para o Brasil são de 1904. Indivíduos trazidos da Europa para a Argentina e partes do Uruguai escaparam de seus criadouros e invadiram o território brasileiro pela fronteira. Em 1996 e 1997, foram realizadas importações de javalis puros, originários da Europa e do Canadá para os estados de São Paulo e Rio de Janeiro. No entanto, segundo o Ibama, o escape de animais e a criação em ambiente selvagem fez do javali uma praga, que pode transmitir doenças para animais nativos. 

Caça autorizada

O governo brasileiro deu aval, no dia 1° de fevereiro, para o início da caça de javalis-europeus e de seu híbrido com o porco doméstico, popularmente chamado de javaporco, considerados animais exóticos que ameaçam a biodiversidade do País. De acordo com instrução normativa publicada no “Diário Oficial da União” pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), a decisão pelo abate para reduzir a população de javalis ocorreu após registro de ataques a humanos, a animais silvestres e domésticos, e danos a plantações e florestas.

A nocividade do javali foi declarada após a elaboração de estudos, os quais comprovaram que o animal da mesma família do porco não tem predador natural e está se proliferando rapidamente por diversas regiões do País, principalmente no Sul e na Amazônia. Não há uma estimativa sobre a população desta espécie em todo o Brasil. No entanto, há cerca de 300 mil exemplares distribuídos entre o Rio Grande do Sul, Paraná e Santa Catarina. Há ainda registros na Bahia, Acre, Rondônia (os dois últimos são estados amazônicos), Rio de Janeiro e São Paulo.

 

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