Grêmio goleia Fluminense no Engenhão e assume liderança do grupo

Mais do que a recuperação na tabela, deixando a última colocação direto para liderança, o Grêmio recuperou a autoestima e a garra de um time vencedor. Os gols da vitória foram marcados por Barcos, André Santos e Vargas.

O segundo gol deu tranquilidade ao Grêmio, que seguiu dominando, tocando a bola

Foi de camisa celeste, com o antigo espírito copeiro, o meio-campo original com Fernando ao lado de Souza, e com uma atuação monstruosa do argentino Hernán Barcos que o Grêmio ressurgiu na Libertadores, no Rio de Janeiro. A goleada por 3 a 0, combinada com a surpreendente derrota do Huachipato, em casa, para o Caracas, catapultou os gaúchos para a liderança do Grupo 8. No dia 5, o Grêmio receberá o vice-líder, Caracas, em Porto Alegre. E domingo tem Gre-Nal, possivelmente com um Grêmio quase todo titular.

Nos cinco primeiros minutos de jogo, o Grêmio tomou a iniciativa e foi à frente. O Fluminense passou a tocar a bola e, com o entrosamento de dois anos, obrigou o Grêmio a recuar e esperar pelos contra-ataques. Apesar desse domínio territorial, os cariocas não conseguiam chegar perto do gol de Dida. E o Grêmio, fardado de celeste e com calções negros, o uniforme que lembrava a seleção do Uruguai, foi ao ataque.

Aos poucos, Fred se mostrava ansioso, quase beijou a grama com a marcação viril de Werley, e a torcida que tomava apenas metade do Engenhão, começava com os muxoxos. Um desentendimento entre Wellington Nem e Cris, que depois se estendeu para um Fred x André Santos, deu o tom de Libertadores à quente noite carioca.

Mas Barcos estava em campo. A odisseia do argentino nessa semana poderia ser um tango. Perdeu o cunhado em um acidente de trânsito, precisou ir à Argentina tratar do funeral, enquanto a sua irmã estava hospitalizada, e conseguiu chegar ao Rio 26 horas antes da partida. Virou exemplo de atitude e de superação para todo o grupo. Recebeu o carinho dos demais jogadores e, da torcida, ganhou homenagens no Engenhão, com gremistas vestidos com tapa-olho, e o sobrenome de Imortal. Barcos Imortal.

- Alguém tem que ser firme – disse Barcos a Luxemburgo, na tarde de ontem, quando o treinador quis saber dele se tinha condições emocionais de jogar.

E o Grêmio de Barcos já havia equilibrado as ações em campo quando, aos 32 minutos do primeiro tempo, cobrou um escanteio fechado e Cavalieri atirou a bola para fora. Elano foi para a nova cobrança e, dessa vez, encontrou Barcos disputando o lance de cabeça com Bruno – menor que ele. Cavalieri sequer viu a bola passando para o gol. Ato contínuo, um bolo humano formou-se ao redor do argentino, com abraços e comemorações. Luxemburgo aplaudiu. O banco de reservas todo se levantou para aplaudi-lo. E Barcos ergueu a mão para o céu, homenageando o cunhado morto, sob a ovação dos cerca de dois mil gremistas presentes ao Engenhão.

O fim do primeiro tempo chegou com o Fluminense chutando pela primeira vez a gol para uma fácil defesa de Dida, com o time da casa vaiado e com Deco e Thiago Neves no aquecimento. O Grêmio havia perturbado o Fluminense.

No segundo tempo, com Deco em campo, o Fluminense jogou-se para a frente. Era tudo o que o Grêmio queria. Logo aos nove minutos, um contra-ataque. O chileno Vargas deu um belo passe para Barcos. O argentino ajeitou e bateu, Cavalieri espalmou bem onde estava André Santos, que desviou para o gol e deu tempo para Cavalieri, deitado, ver a bola rolar em câmera lenta para dentro do gol.

Aos 17, Abel Braga foi chamado de “burro”, em coro, pela torcida do Fluminense, ao trocar Thiago Neves por Wellington Nem. O ambiente no Engenhão era azul, preto e branco.

Aos 23, a dupla de hispano hablantes brilhou de novo. Barcos passou para Vargas bater cruzado e vencer Cavalieri. A vitória se transformou em goleada. O chileno fez o seu primeiro gol gremista e, ato contínuo, alguns torcedores cariocas começaram a deixar o estádio – restando ainda 22 minutos para o final. A partir daí, o Engenhão já havia se transformado no Olímpico (ou na Arena) e qualquer troca de passes tinha como trilha sonora o “olé” da torcida gremista.

Em uma semana de fênix, o Grêmio ganhou moral, goleou o campeão brasileiro, passou a liderar o seu grupo na Libertadores e, agora, chega turbinado para o Gre-Nal.

Notícias Relacionadas

Os comentários são moderados. Para serem aceitos o cadastro do usuário deve estar completo. Não serão publicados textos ofensivos. A empresa jornalística não se responsabiliza pelas manifestações dos internautas.

Deixe uma resposta

Você deve estar Logando para postar um comentário.