Carnavalescos avaliam cancelamento da festa de rua

Dirigentes de entidades carnavalescas fazem avaliação sobre a não realização do Carnaval de Rua

Com a decisão tomada na última terça-feira (15) pela Liga Independente das Escolas de Samba e Prefeitura Municipal, de não realizar o Carnaval de Rua em 2013, a comunidade do Samba está procurando encontrar alternativas para que nos próximos anos esta situação não volte a se repetir. Este é o momento para que os erros sejam avaliados e possam ser corrigidos com a união de todas as partes envolvidas com o Carnaval santanense.

A busca pela profissionalização da LIESA e das Escolas de Samba é um consenso entre os carnavalescos e autoridades responsáveis por realizar o evento. Os erros e os acertos do passado devem ser levados em conta neste momento, para que nos próximos anos Sant’Ana do Livramento possa voltar a ter o Carnaval de Rua, para alegria das comunidades envolvidas com o Samba.

Confira a baixo, a opinião de carnavalescos e autoridades envolvidas com o Carnaval, sobre a não realização do Carnaval de Rua em 2013 e o que pode ser feito para que no ano de 2014 o Samba possa voltar a triunfar na Avenida.

Jorge Coelho: Presidente do Conselho de Presidentes da LIESA.
“A decisão não foi tomada agora. O Carnaval vinha se fragilizando desde o desligamento do ex-presidente da LIESA e do antigo gestor. Para este ano, nós tínhamos a expectativa de conseguir alguns patrocínios para aumentar os recursos, mas infelizmente pelo tempo curto não conseguimos. Nós tínhamos algumas pendências financeiras, que eram a nossa prioridade. O nosso projeto de Carnaval foi feito todo em cima da projeção disponibilizada pelo antigo gestor. O recurso que tínhamos para este ano, disponibilizado pela Prefeitura, era de R$ 40 mil, o que é um valor muito baixo, ficamos com receio de fazer um carnaval de baixo nível. Tentamos baratear algumas questões, mas não conseguimos. Por isto, foi tomada a decisão de não realizarmos o Carnaval de Rua em 2013, para que possamos nos reorganizar para os próximos anos”.

 

Leandro Madruga Ferreira: Presidente da Academia de Samba Mocidade Alegre.
“Foi uma decisão acertada. Não tínhamos condições de realizar o Carnaval pela falta de condições financeiras. Fica a lição para que no ano que vem, a gente trabalhe com profissionalismo e seriedade, para que isso não ocorra mais. Pedimos que a Prefeitura Municipal disponibilize um local físico para a LIESA poder se estruturar e também um local para que as Escolas de Samba possam realizar atividades durante todo o ano”.

Wladimir Milan: Presidente da Liga Independente das Escolas de Samba – LIESA
“Como presidente da Liga e como carnavalesco estou muito entristecido. Foi um erro de todos, não só da presidência da Liga e dos presidentes das Escolas de Samba. Foi um erro de conversas entre Executivo e LIESA. Achei uma falta de sensibilidade com o Carnaval, essa transferência do desfile de 2013 para o próximo ano.”

 

 

Batista Conceição: Representante da Super Liga das Escolas de Samba do Rio Grande do Sul
“É triste não termos o Carnaval de Rua em 2013. Como carnavalesco, desde os 8 anos de idade, fico entristecido pela confirmação da não realização do nosso carnaval, mas entendo que dentro das circunstâncias foi a decisão correta. Não podemos expor as Escolas de Samba. A cobrança seria grande se tivéssemos um desfile de baixa qualidade. Ocorreram falhas durante o ano todo, faltou orçar os recursos e faltou planejamento. Fica a lição de que é necessário um trabalho mais intenso durante o ano, para que possamos ter os valores necessários, para substanciar o Poder Público. O Governo não pode ficar ausente, o carnaval gera recursos e dá retorno”.

 

Lídio Mendes: Presidente da Escola de Samba União da Vila
“Faltaram projetos por parte da LIESA e dos carnavalescos. Nós tínhamos que nos preparar para termos condições de arrecadar dinheiro para o Desfile. Quando o Carnaval de Rua perdeu o investidor, não ficou um legado. Só depender do dinheiro da Prefeitura não tem condições. Temos que ter vergonha na cara, trabalhar durante todo o ano com coragem, para buscarmos alternativas que gerem retorno financeiro. Nossa escola chegou a rifar um potro para conseguirmos dinheiro. Já faz mais de 30 dias que estamos com o nosso Samba pronto. Mesmo não tendo o Carnaval Oficial, nossa Escola fará um Carnaval no bairro. Estamos planejando fazer um arrastão pelos bairros, levando nosso samba. Já temos 180 inscritos e 6 alas prontas. Vamos fazer carnaval da nossa forma”.

 

Dagberto Reis: Presidente da Escola Império da Zona Sul e ex-presidente da LIESA – Gestão 2005-2009
“A Liga tem que fazer sua parte. Para este ano, não conseguiu montar um projeto de Carnaval, não se organizou. Serve de lição para todos nós. Quando fui presidente da Liga, de 2005 a 2009, realizamos o Carnaval em parceria com a Prefeitura. Nós entrávamos com a estrutura do Carnaval e o município dava uma ajuda de custo para as escolas. A avenida dá lucro com uma boa gestão. Nós contratávamos as arquibancadas, a sonorização, e fechávamos a avenida para poder explorar a venda de ingressos na arquibancada, bares e camarotes, a Avenida dava retorno. O dinheiro dava para pagar o custo da avenida e ainda sobrava para as Escolas. É perfeitamente possível fazer isto. Mas se a gente não tiver uma liga forte, organizada, nós não vamos fazer carnaval hoje, nem amanhã, nem depois, vamos continuar sem ter carnaval. O que os carnavalescos têm que ter ideia, é que temos que ter uma liga forte, uma liga executiva. O dirigente da escola de samba tem que cuidar da sua escola, e a Liga tem que ser direcionada para a organização do Carnaval, buscando realizar promoções e atividades que resultem em recursos para a organização do carnaval. Só com a verba da Prefeitura não tem como fazer Carnaval. No ano passado, a ajuda de custo da Prefeitura foi de R$ 55 mil, mas havia um investidor no Carnaval. A partir do momento em que ele saiu, a Liga não providenciou nada. Faltou gestão na LIESA para organizar o Carnaval, falo como presidente da Câmara e como ex-presidente da LIESA. Eu estive dos dois lados, presidi a Liga e presido uma Escola, também falo como governo. Nunca houve aportes substanciais da Prefeitura de Livramento com relação ao nosso Carnaval. O município só dá uma ajuda de custo, ela não pode sozinha financiar as escolas de samba e avenida. A Liga das Escolas de Samba tem que ter a sua participação, é lamentável que não tenhamos Carnaval, mas agora é preciso que a Liga faça sua parte. Teremos eleição no mês de março e eu espero que os carnavalescos tenham lucidez, que sejam iluminados para escolher uma Liga realmente forte, com pessoas competentes, com capacidade de gestão, que possam a partir de agora fazer reuniões mensais para chegarmos no fim do ano com tudo preparado, com todo cenário da Avenida organizado, pronto, para que saia um Carnaval de qualidade. Precisamos reestruturar a Liga, com uma reforma estatutária, que nos traga capacidade e condições de podermos organizar um Carnaval de qualidade e, aí sim, ter a participação do Poder Público, que é necessária, pois o Carnaval dá retorno no turismo, na geração de emprego e renda para o município”.

LUÍS FERNANDO MARTINS

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