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Alcoolismo atinge homens e mulheres pelas ruas da cidade

Posted By redacao On 11 de dezembro de 2012 @ 8:51 In Geral,Manchete-Destaque | No Comments

Sem se preocupar com local e horários, a população que insiste em perambular pelas ruas faz crescer os números do alcoolismo em Livramento

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Sem se preocupar com horário ou local, eles consomem cada vez mais álcool e aumentam a lista de problemas sociais e de saúde de Sant’Ana do Livramento

Para muitos é um problema sem solução. Para outros, uma verdadeira epidemia, que cresce a números alarmantes nas cidades brasileiras. Em Sant’Ana do Livramento, assim como no restante do Brasil, o problema atende pelo mesmo nome: alcoolismo. Quase invisíveis pelas ruas da cidade, homens e mulheres perambulam carregando apenas farelos de esperança no olhar sempre sorridente, anestesiado pelas altas concentrações de álcool no sangue. Eles passam despercebidos para muitos, que não conseguem desvendar que por trás daquelas vidas, fatalmente outras existem e em algum ponto da sua existência foi acionado o botão disparador que os coloca hoje no centro de um problema mais do que social, mas de saúde pública.

No perfil, homens e mulheres, jovens, largados à própria sorte e que se reúnem na mesma tribo para desfrutar o líquido que os une e os faz celebrar como se aquele fora o bem que trata todos os seus males. Vidas quase desgraçadas e lançadas ao abandono, sem o calor das casas aconchegantes no inverno ou o frescor das residências ventiladas nos dias quentes do verão. Pelo centro da Fronteira da Paz, não é raro encontrar alcoólicos que são ignorados por boa parte de quem os vê e desvia o olhar, como se o problema pertencesse a outra sociedade que não esta. 

Alcolismo 

Durante várias horas, a reportagem de A Plateia acompanhou um grupo formado por homens, e pelo menos uma mulher, na região central da cidade, em sua saga em busca de álcool para satisfazer o vício. Em alguns momentos, aparentemente desconectados da realidade, um trio conhecido e reconhecido por moradores de uma das principais vias centrais, a rua Hugolino Andrade, bebe cachaça às 9h da manhã como se aquela fosse a primeira refeição do dia. Sem se incomodar com o vai e vem de pessoas e carros que cruzam apressados para iniciar as atividades de mais uma segunda-feira, o grupo bebe livremente sem ser incomodado, evidenciando o problema que se alastra na região central de Sant’Ana do Livramento.

“É todo dia isso. Vivemos com esse problema e temos que conviver com eles deitados nas nossas portas, brigando uns com os outros, agredindo as mulheres que convivem com eles e, muitas vezes, desrespeitando os moradores”, afirmou uma moradora, que pediu para não ser identificada, por medo de represália dos integrantes do grupo. Pela parte da tarde, mesmo com uma temperatura que chegou na casa dos 37°C, um outro grupo de homens bebia tranquilamente sua “cachaça”, no interior da Praça General Osório, a poucos metros da Prefeitura Municipal. Entre os pedestres que diariamente precisam fazer a travessia pelo interior da praça, como parte da paisagem e já impregnados no ambiente, estão homens e mulheres que se negam a receber os benefícios dos tratamentos que são ofertados pelas autoridades e que podem lhes livrar do alcoolismo. 

Contraponto 

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O secretário executivo da Secretaria de Assistência Social, Luis Varella

“Há uma diferença entre moradores de rua e as pessoas que estão na rua. O que acontece é que no verão a população de rua aumenta, embora tenhamos cadastrados apenas sete brasileiros. Assim, podemos afirmar que não temos muitos moradores de rua, mas pessoas que estão na rua nesse momento”, disse o secretário executivo da Secretária de Assistência Social, Luis Varella, por telefone.

Ele salienta que entre as ações que estão sendo tomadas para dirimir o problema do alcoolismo na população de rua, está a utilização da chamada Fazenda Terapêutica”, local que está em funcionamento na cidade, através de convênio que foi firmado há 60 dias, e para onde são levados os casos que precisam, e aceitam o tratamento. “Esse local não atende apenas usuários de drogas, mas também moradores de rua. Acontece que é preciso respeitar sempre o direito de ir e vir, e eles são convidados para ir até o local. Alguns não aceitam o convite”, frisou Luis Varella.

O secretário executivo disse que, além de encaminhar os alcoólicos para tratamento, entre as ações que são tomadas, estão os encaminhamentos de documentação que eles têm direito e o Bolsa Família. “Muitos moradores de rua têm direito a esse benefício, mas pouca gente sabe. Nossa assistente social toma todas as medidas para que eles possam ser cadastrados no programa”, frisou. Questionado sobre o fato de o cartão do Bolsa Família, ao ser entregue ao morador de rua, funcionar como uma espécie de convite para que o mesmo gaste com álcool e drogas, Luis Varella disse ter ciência do problema. “Na verdade, essa é uma decisão governamental. Não podemos tolher um direito que eles têm. Eu entendo que esse dinheiro certamente vai ser utilizado para o álcool, mas não podemos violar direitos. Trabalhamos até um pouco contra vontade, mas temos que garantir o direito deles”, salientou. 

Mulheres 

Informado sobre o caso de pelo menos duas mulheres que integram o grupo e que também são consideradas alcoólicas, Luis Varella disse conhecer bem de perto os casos. Ao referir-se a pelo menos uma delas, que chama apenas de Maria, Luis Varella disse conhecer toda a família, inclusive os filhos, mas que até o momento nenhuma das ações obteve êxito para retirar a mesma das ruas. “No caso dela, somente com uma ação judicial será possível encaminhar para o tratamento. É uma situação realmente triste e grave”, finalizou o secretário executivo de Assistência Social de Sant’Ana do Livramento.

 

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[3] Consumo maior que a produção: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=107331

[4] Ciclo de palestras debate problema do consumo de álcool entre jovens: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=60086

[5] Mais de 1mg/l de álcool no bafômetro: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=127849

[6] Secretaria de Serviços Urbanos inicia limpeza das ruas centrais: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=125203

[7] “El consumo de marihuana recorre los barrios de nuestra cuidad”: http://jornalaplateia.com/aplateia/?p=125128

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