Pesquisadora brasileira palestra em evento voltado à educação no Uruguai

Palestrante falou da importância da capacitação e motivação do professor no processo de inclusão digital na educação

Durante seis meses, a pesquisadora coletou dados sobre o impacto do projeto

“A inclusão digital fora do contexto escolar: análise do projeto ceibal no Uruguai” foi o tema apresentado pela professora Marcia Peres Maciel, na Primeira Jornada Binacional de Educação, realizado na sexta-feira (28), em Rivera, no Uruguai. Além de representantes uruguaios, também participaram palestrantes brasileiros da Universidade da Região da Campanha (Urcamp) e do Instituto Federal Sul-Riograndense (IFSul). “Sem o acompanhamento do professor nesse processo, nenhuma tecnologia alcançará seu objetivo de promover o desenvolvimento do potencial do aluno e sua inclusão digital”, afirmou a painelista sobre a sua pesquisa, que trata da utilização de computadores por alunos das escolas públicas do Uruguai. A partir da observação do comportamento de estudantes, com idade entre 8 e 13 anos, a professora focou a relação dos alunos com a tecnologia junto à família e comunidade. A pesquisa foi tema do trabalho de mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs).

A professora universitária apresentou ao público os dados de sua análise, que partiu do projeto uruguaio intitulado Ceibal, que consiste na distribuição de um computador portátil para cada aluno e professor, de escolas da rede pública. O projeto de inclusão digital também está sendo implantado no Brasil, Argentina e Peru. Porém, somente no Uruguai a iniciativa teve 100% da rede pública de ensino contemplada, com a implantação de infraestrutura de rede com possibilidades de acesso à internet em todas as escolas do país. O programa foi formatado a partir do chamado OLPC (One Laptop for Children), de Nicholas Negroponte, professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), que em 2005 lançou esta organização mundial com o objetivo de distribuir computadores portáteis para a população carente.

Durante seis meses, a pesquisadora coletou dados sobre o impacto do projeto fora do contexto escolar, com o objetivo de entender como ocorre a inclusão digital através da inserção de computadores portáteis no espaço familiar. A intenção principal foi a de descobrir o que fazem as pessoas com as tecnologias (práticas culturais). “A análise com viés sócio-histórico permitiu compreender como a inclusão digital se configura a partir das práticas culturais, explorando o conceito de zonas de sentidos e não apenas para as possibilidades pedagógicas da tecnologia, considerando que existe um relacionamento entre tecnologias e estruturas sociais”, explica a pesquisadora.

Conforme a professora, a simples posse de um equipamento de informática não pode ser considerada garantia de se obter um acesso completo a estas ferramentas tecnológicas. “Muito mais do que a capacidade de utilizar com qualidade, é importante encontrar conteúdos, habilidades e apoio social”, identificou a professora.

 

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