Operação padrão da Receita Federal causa filas no Porto Seco

Caminhoneiros aguardam liberação de carga há mais de 10 dias 

Operação Padrão da Receita Federal causa fila imensa no Porto Seco

Já passaram quatro meses desde que a Receita Federal entrou em greve e adotou operação padrão, aumentando o tempo de espera na liberação de mercadorias na Fronteira Brasil-Uruguai. “Os fiscais só estão dando prioridade para cargas perecíveis e vivas. As outras mercadorias são liberadas em, no mínimo, cinco dias úteis, o que, normalmente, demoraria apenas um dia”, declarou Angelo Mello, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Logística e Transportes. Contando os feriados e fins de semana, os dias aumentam de 8 para 10. De acordo com Angelo, em tempos normais, o caminhão entra na aduana pela manhã e à tarde já é liberado. “Não existem motivos para demorar cinco dias para liberar um caminhão. Salvo se houver alguma divergência na carga, ou alguma dúvida na fiscalização. Se não, a liberação é questão de horas”, diz José Crispiniano, presidente do Sinditrans – Sindicato dos Trabalhados em Logística e Transportes. No entanto, os fiscais aduaneiros da Receita Federal estão dentro do prazo máximo de liberação de caminhões, que é cinco dias. O acúmulo de carretas e caminhões no Porto Seco ocorre com maior intensidade nas segundas-feiras e nos dias após feriados, em ambos os lados, do lado brasileiro e do uruguaio.

“Essa demora da Receita Federal está nos deixando muito preocupados, pois não tem data prevista de término. O cliente vendeu, quer receber, outro quer terminar sua obra ou concluir seu projeto, mas a greve não dá essa possibilidade”, declara José Crispiniano. 

Ansiedade

Trabalhadores paulistas estão há mais de 40 dias na estrada

Segundo José Crispiniano, a ansiedade toma conta de todos trabalhadores envolvidos com o transporte de carga, por não saber quantos dias demorará para a carga ser liberada. “Para se ter uma ideia do nível que chega os transtornos com a greve, são vários os setores afetados, como postos de gasolina, borracharias, eletricistas, supermercados, entre outros. A maior parte dos caminhoneiros ganha comissão, diária, e parados não há esse ganho”, destaca o presidente do Sinditrans.

Esse transtorno não é exclusividade da Fronteira da Paz, a greve é nacional e os problemas de liberação estão ocorrendo em todas as fronteiras. “Até tentamos fazer o transporte por outra fronteira para tentar agilizar o processo, mas é a mesma coisa em todos os lugares”, destaca Angelo Mello. 

Empregabilidade

Apesar dos problemas enfrentados pela greve dos servidores da Receita Federal, o setor de transporte de carga é o que mais emprega na cidade, contando atualmente com cerca de 500 trabalhadores, ou seja, cerca de 500 famílias são sustentadas através do transporte de carga na Fronteira.

 Situação das empresas

O prejuízo chega diretamente às empresas também, pois não conseguem fornecer seu material para clientes há mais de duas semanas. Com isso, atrasa o processo produtivo dos clientes e, em muitos desses casos, a empresa sofre multas contratuais, pois o cliente não tolera o atraso da entrega da mercadoria.

Um grupo de caminhoneiros de uma empresa do interior de São Paulo está parado no Porto Seco desde o dia 20 de agosto. São 14 carretas que transportam equipamentos e materiais para um poço artesiano que será construído na cidade de Salto, Uruguai. “Muitos aqui estão na estrada há 47 dias. Uma viagem que demoraria em média 15 dias, ultrapassou os 45 já”, contam os motoristas.

Segundo os trabalhadores, seu maior prejuízo é estar longe de casa e dos familiares. “Aqui, ninguém nos informa nada, não sabemos quando poderemos seguir viagem. É uma falta de respeito”, reclamam.

 

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