Desligamento do CDMA vai gerar Isolamento de comunidades rurais

Comissão de Produtoras da Associação e Sindicato Rural faz apelo para que comunicabilidade seja possível 

Produtoras rurais visitam torre da Vivo

A Comissão de Produtoras da Associação e Sindicato Rural de Livramento realizou, recentemente, visita ao local onde foi instalada a torre da operadora de telefonia celular Vivo, na localidade do Quatepe, município de Quaraí. A estrutura está localizada a 89 quilômetros do centro de Livramento, no estabelecimento São Martinho, propriedade de David dos Anjos.

Na oportunidade, estava presente o técnico de rede da Vivo, Cristóvão Mota, que confirmou às produtoras a informação de que a torre possui 60 metros de altura e sua abrangência é de 20 a 30 km. “Ainda o mesmo profissional nos relatou sobre o problema do desligamento da tecnologia CDMA, confirmado para o dia 21 de setembro, deixando grande parte da área rural do municipio sem o serviço de telefonia” – relata Patricia Indart Oliveira, da coordenação do grupo.

Segundo ela, conforme determinação da ANATEL, a obrigatoriedade da prestação do serviço na área rural passará a ser da operadora OI, cuja meta de cobertura rural é de 6 a 7 anos. A comissão de produtoras rurais está mobilizando diversos segmentos, bem como, especialmente, as autoridades locais sobre esta questão, a fim de requerer que as operadoras prolonguem o prazo ou forneçam uma tecnologia que funcione na área rural.

Patricia Indart Oliveira, falando em nome das ruralistas, ressalta que já foram expedidas várias correspondências, a fim de que a decisão de desligamento da tecnologia CDMA seja postergada até que seja disponibilizada uma nova tecnologia que permita que os moradores da área rural tenham comunicabilidade. Ocorre que os novos aparelhos que estão sendo oferecidos pelas operadoras não dispõem de entrada auxiliar de antena externa para que seja possível amplificar o sinal e, como sabido, no meio rural, não funcionam.

A telefonia na área rural é um problema que remonta há, no mínimo, quatro anos, desde que o sistema analógico – que funcionava muito bem – foi alterado para digital, sendo extinta a tecnologia TDMA.

Especialmente na região que abrange as localidades rurais dos municípios de Livramento, Quaraí e Alegrete, há ponto cego de vários quilômetros, o que impede a comunicação. O problema é tão grave que a região foi apelidada de Triângulo Mudo ou Triângulo das Bermudas (numa alusão à famosa região oceânica onde equipamentos de navios e aviões deixaram de funcionar, sendo registrados desaparecimentos por completo desses meios de transporte e pessoas). 

Comissão 

“Há quatro anos, a Comissão de Produtoras Rurais vem lutando e buscando soluções junto às empresas de telefonia móvel e autoridades pertinentes. O problema se acentuou com as mudanças estruturais da tecnologia analógica para a digital, tornando inviável a comunicação nesse trecho” – refere Bia Brochado, também da coordenação da Comissão.

No dia 4 de setembro, as ruralistas foram visitar o local onde está sendo finalizado o trabalho da torre da Vivo. Elas ficaram com a impressão de que trata-se do início de um projeto que amplie o sinal da telefonia celular, pois os produtores rurais da região de Livramento-Quarái e Alegrete, investiram em antenas externas para que suas propriedades fossem contempladas com o escasso sinal da Vivo. 

Carta 

As produtoras confirmam que receberam uma carta da Vivo, afirmando que o sinal CDMA será desligado no dia 21 de setembro próximo e que a empresa disponibiliza aparelhos com tecnologia GSM-3G para serem trocados pelos CDMA. Porém, esses aparelhos não possuem entrada para antena externa, inviabilizando o sinal da operadora, também inutilizando o investimento dos produtores rurais moradores daquela zona geográfica. Conforme o Código de Defesa do Consumidor, a empresa não poderia deixar de prestar este serviço aos produtores que investiram e só possuem esta forma de comunicação. 

Tristeza 

“Ficamos entristecidas por vários motivos. Primeiro, é que antes mesmo de saber a abrangência do sinal que esta torre vai nos proporcionar, ficaremos incomunicáveis, pois a torre só será ligada em outubro e os serviços CDMA da Vivo serão desligados no dia 21 de setembro. Outro motivo que nos preocupa é que no nosso entender esta torre não será suficiente para prover sinal a toda a região. Pensamos que a vivo deverá – como prestadora de serviço – instalar outra ou outras torres, para que os seus clientes permaneçam com este serviço, que já vem sendo prestado todos estes anos. Ponderamos que para a Vivo este investimento é irrisório” – ponderam as ruralistas.

De acordo com as integrantes da comissão, para o produtor rural, cortar o sinal acarretará em prejuízos incalculáveis para o setor, visto que muitos negócios são realizados dentro das propriedades e ainda há a questão da segurança nos estabelecimentos, que ficam a mercê de vandalismo e abigeato.

“Essas pessoas, enquanto clientes, confiaram na seriedade da operadora ao fazerem seus investimentos e uso dos serviços. Essa situação da telefonia rural afeta diretamente nossa classe, que fica isolada dentro da propriedade rural e nas estradas de acesso às propriedades” – incrementa Martha Borba, também integrante da comissão.

A Comissão de Produtoras Rurais de Sant’Ana do Livramento pede especificamente que a vivo não desligue o sinal CDMA até que exista uma solução eficaz, que garanta o direito de continuidade a uma comunicação digna.

 

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