Revendas de usados são prejudicadas com redução de IPI

Queda nos preços dos 0 km faz compradores trocarem as revendas pelas concessionárias

Com a prorrogação do IPI reduzido para a indústria automobilística até 31 de outubro, as revendedoras de veículos usados terão mais dois meses de vendas próximas a zero.

Apesar de 10% das revendas de todo o Rio Grande do Sul terem fechado, essa realidade ainda não chegou a Sant’Ana do Livramento. “Sou o revendedor mais antigo nessa localidade, e ainda não soube de alguém que tenha fechado as portas. Acho que não chega a tanto”, declara o proprietário da Revenda Dutra.

Há pouco mais de um mês, Caitano Velloso considera que suas vendas estão dentro do esperado, uma vez que são comercializados veículos populares de preços mais acessíveis. “Para nós, que trabalhamos com este tipo de carro, as vendas não foram muito afetadas”, conta o empresário, que comercializou cerca de 14 veículos no último mês, ressaltando que a maioria das compras são feitas no sistema de trocas, em que o cliente entrega seu veículo e troca por um novo, acrescentando um valor combinado.

Para o revendedor Dutra, há 19 anos no mercado, são dois os fatores causadores da queda nas vendas de usados: a redução do IPI e as novas normas que entraram em vigor no Uruguai, não permitindo que uruguaios adquiram veículos no Brasil. “Devido a essa nova Lei, os uruguaios não estão vindo comprar no momento, e eles eram 50% dos meus clientes”, lamenta Dutra. Aliando este fator à redução do IPI nos automóveis novos, Dutra estima que as vendas tenham reduzido em 60%. De acordo com ele, os preços dos seminovos e usados estão próximos dos carros novos. “Quem tem um pouquinho mais de dinheiro compra um carro novo e não um usado”, avalia. Dutra dá um conselho: manter os pés no chão. “Já passamos pela mesma situação no ano passado, devemos trabalhar com os pés no chão, pensando lá na frente, pois crise sempre tem e sempre passa”, comenta Dutra, que já está há 25 dias sem vender.

Os sócios Rodrigo Machado e Gerson Torres de Lima avaliam o prejuízo da redução nas vendas pelo número de carros vendidos em uma semana. “Sempre vendemos 3 carros por semana. Atualmente, esse número caiu para 1 em até 14 dias”, contam. Segundo eles, o pessoal faz a simulação para compra do usado, mas acaba optando por modelos novos. “Até reduzimos os preços dos nossos produtos e, mesmo assim, não se conseguiu permanecer no mesmo ritmo de vendas”, declaram os sócios.

Rodrigo e Gerson ressaltam também que o preço dos veículos novos é ilusório. “É vantajoso para aquelas pessoas que compram à vista. Se o cliente for parcelar em 60 ou 72 vezes, receberá os mesmos juros de um carro com imposto normal”, destaca. 

Fim do IPI reduzido

Os sócios confessam que esperavam o fim da redução do IPI em 31 de agosto para continuar vendendo usados. Rodrigo Machado acredita que essa situação se estenderá até o fim do ano. “O IPI reduzido está previsto para terminar dia 31 de outubro, mas com a chegada de dezembro, com certeza essa redução será prorrogada”, diz. Conforme Dutra, a solução é se programar para aguardar o término desse período desfavorável aos revendedores.

 

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