A esperada postura dos ministros

Acabo de ouvir o voto do ministro Cezar Peluso, no julgamento do “mensalão”, no STF, o primeiro desta tarde de quarta-feira, 29 de agosto.
A dura e cáustica manifestação de Peluso não surpreendeu. Foi o que se esperava, por toda sua história.
Restam, ainda, os votos de quatro ministros, os mais antigos da Corte, igualmente previsíveis, nesta etapa.
Aliás, até agora, não houve nada de imprevisto no julgamento, afora o desconhecido que eram os votos de Rosa Weber e Luiz Fux, os dois mais novos ministros, indicados pela presidente Dilma Rousseff.
Tanto o voto do relator, Joaquim Barbosa, como o do revisor, Ricardo Lewandowski, aconteceram nos termos e na medida do previsto.
Barbosa “fatiou” o processo, seguindo a metodologia da denúncia do Procurador Geral da República, e não teve dúvida quanto aos integrantes da primeira “fatia” por ele selecionada: condenou a todos.
Lewandowski absolveu João Paulo Cunha, ex-presidente da Câmara de Deputados, que mandou sua mullher apanhar R$ 50 mil na boca do cofre do banco. O dinheiro veio das burras das empresas de Marcos Valério. Em troca, este ganhou a licitação da conta publicitária da Câmara.
Lewandowski já havia dado sinais claros de sua postura política, ao retardar o máximo que lhe foi possível a apresentação do seu voto como relator, para retardar o julgamento.
A esperança dos advogados de defesa dos quase 40 réus é essa: fazer com que tudo fique para mais tarde e que tudo seja justificado como caixa dois, um crime eleitoral já prescrito.
O presidente do Supremo, ministro Ayres Brito, tem sido, no entanto, muito firme na condução do processo e não tem permitido artifícios protelatórios, não obstante sua afabilidade.

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Na última segunda-feira, votaram quatro ministros, a começar pela gaúcha Rosa Weber, por ser a mais nova integrante
Ela também seguiu os passos do relator, só deixou para mais tarde o seu voto sobre lavagem de dinheiro, além de absolver João Paulo de um dos crimes de peculato de que é acusado.
Cármen Lúcia foi contundente, ao acompanhar o voto do relator na sua integralidade, assim como o fez Luix Fux.
Dias Toffoli foi uma figura patética, como esperado.
Inocentou João Paulo Cunha e fez questão de se reportar mais de uma vez ao trabalho do ministro Lewandowski.
Ambos são visceralmente vinculados ao PT. O revisor fez toda sua carreira no ABC paulista, assessorando o partido. E o mesmo, ou mais, pode se dizer de Toffoli, ex-assessor e ex-advogado de José Dirceu e do próprio Partido dos Trabalhadores.
Certamente que teria feito muito melhor para sua biografia tivesse se julgado impedido de participar deste julgamento, em função de todas suas atividades e ligações pretéritas.
Tem um mérito: é respeitoso e agradecido a quem o ajudou a subir na vida.
Subserviência, é bem verdade, que não cabe a um ministro do Supremo Tribunal Federal.

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