Escavação em terreno de obra pode ter sido a causa do desabamento de casa no centro

Pelos menos dois cômodos da residência vizinha da obra ficarm completamente destruídos

Após o incidente, prédio das lojas Pompéia e de uma galeria situadas no entorno, foram interditados e obra embargada parcialmente até que a situação seja resolvida

“Foi um estrondo muito forte. Impressionante”. Esse foi o relato direto e simples de um morador de um prédio vizinho ao local onde na madrugada de ontem, na rua Uruguai n° 1543, parte de uma residência caiu após a desestabilização do terreno que está sendo preparado para receber as fundações do prédio que será erguido ao lado.

De acordo com testemunhas, o barulho chamou a atenção e remeteu o pensamento imediatamente a uma tragédia maior, uma vez que no interior da residência, mãe e filha dormiam no momento do acidente. O filho e irmão das vítimas – que têm 65 e 27 anos – contou que a mãe ouviu um estrondo forte e observou uma rachadura na parede. Em seguida, a casa veio abaixo.

As duas tiveram escoriações e foram encaminhadas à Santa Casa de Livramento. Ao longo do dia, seguiram as explicações da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e engenheiros que tentavam encontrar a falha para tomar as devidas precauções.

Susto

O acidente aconteceu por volta da 1h da madrugada de quarta-feira e, segundo as primeiras impressões repassadas pelos especialistas, a trepidação do solo pode estar entre os motivos que levaram à queda da parede lateral da residência.

Tão logo o dia clareou, uma multidão foi conferir de perto o tamanho do estrago no local que foi imediatamente interditado.

O medo da chuva que ameaçava cair a todo instante, fez com que a Defesa Civil se apressassem em enviar lonas para serem colocadas nas encostas do local onde foram feitas as escavações, uma vez que os prédios do entorno poderiam desabar caso a terra ficasse encharcada.

Engenheiro da Prefeitura diz que normas de segurança não foram cumpridas na escavação
Embargo da obra somente será retirado após o cumprimento de todas as medidas que visam a segurança dos prédios existentes no entorno. Proprietária da obra garantiu assistência à família

Um cenário assustador e de demolição foi observado ao longo do dia de ontem no centro da cidade

Um dia dedicado às explicações. Assim foi a quarta-feira depois da madrugada de horror vivida pela família que teve a casa parcialmente destruída depois do desabamento que pode ter sido provocado pelas ações da obra vizinha. De acordo com o coordenador Ada Defesa Civil no município, ontem ainda foi emitido um documento de embargo da obra até que seja apresentado um plano e proteção dos trabalhadores e o projeto de estabilização do terreno.

 

“A partir daí, depois de analisado, a obra poderá ser liberada até para que o terreno possa ser estabilizado. Quanto a loja do lado, essa interdição somente será levantada após os técnicos atestarem que não há mais nenhum risco de desabamento e a situação está controlada”, afirmou André Pereira. O prazo dado pela Defesa Civil foi de 24h para a apresentação da documentação.

“Nossa corrida é contra o tempo para que a situação toda seja estabilizada. Se essa documentação for apresentada, os técnicos da Secretaria de Planejamento junto com os engenheiros poderão liberar a obra para que esta tenha sua continuidade”, frisou.

Comunicado da interdição, o gerente das lojas Pompéia em Livramento, Matheus Vieira, lamentou o fato e disse ter sido informado das ações que foram sugeridas pela Defesa Civil. Matheus disse que ainda no mês de janeiro, quando iniciaram as obras no local vizinho, começaram a aparecer rachaduras no interior do prédio que abriga a loja. “Logo após a demolição da casa que havia no terreno, começaram a aparecer as rachaduras no prédio e infiltrações.

Entra muita água para dentro da loja. Isso começou em fevereiro. Eu notifiquei a Prefeitura em janeiro. Recebemos uma visita do CREA e nos parece que o Engenheiro não deu muita importância. Na semana passada a loja entrou com uma ação judicial pedindo reparação e que fossem tomadas as providências porque o prejuízo econômico é grande. Imagina a loja fechada diversos dias. Até nem é tanto a perda, o problema é imagem da Pompéia perante as pessoas, a comunidade, nossos clientes.

A posição da direção da empresa é de esperar”, afirmou Matheus Vieira. De acordo com o gerente, são 26 funcionários que atendem em média 350 pessoas por dia somente com vendas, sem contar os pagamentos, uma vez que temos cerca de 7.000 clientes cadastrados em Livramento.

Documentação em dia

De acordo com Miguel Angelo Pereira, Coordenador do Departamento de Plano Diretor da Secretaria de Planejamento, a documentação no local está correta. “O engenheiro responsável pela obra tem larga experiência, uma vez que o mesmo foi durante muito tempo Engenheiro da Prefeitura. A Loja Pompéia entrou com uma ação judicial contra o proprietário da obra por conta de que o movimento de terra já havia ocasionado trincas nas paredes. Isso mediado pela Prefeitura. O responsável técnico foi chamado e foram mais uma vez alertado pelos problemas de obra. Apesar desse ser um problema entre vizinhos. No dia 09 de janeiro, quando saiu o alvará de licença para construir, como o projeto tratava de um subsolo escavado onde já existem vários prédios consolidados, além disso a engenheira Elda Nicolini emitiu um documento especial com orientações para demolições e escavações, e pelo que se vê não foram cumpridas. O resultado que se viu foi esse. O pessoa não teve o cuidado necessário e pelo que se viu, os procedimentos de segurança não foram observados. É fato está documentado”, afirmou o engenheiro. De acordo com Miguel Pereira, o alvará de licença para construir será caçado até que todas as medidas de recuperação sejam tomadas, incluindo a reconstrução da casa que foi atingida e que desabou do lado do terreno. Nesta quinta-feira será a interdição definitiva junto com o cronograma para que as medidas de segurança sejam tomadas. Depois de tudo pronto vamos ver como se dará a continuidade, incluindo a questão de infrações ou multas que poderão haver porque houve infração a artigos de segurança no que se refere a escavação”, afirmou Miguel Pereira

O que diz o responsável pela obra ?

Dalcin Leonardi, engenheiro responsável pela obra, disse que o solo na parte mais baixa tem um poder de suporte bom. “Na verdade, especificamente a gente não esperava uma coisa dessas. No nível da parede e do solo a altura é entorno de 80 cm. Eu não sei por que aquela parere caiu. Vendo depois, se percebeu que a parede era de pedra, argamassada com solo, muito frágil. Vamos tomar todas as medidas para sanar essa lamentável ocorrência.

A Plateia: A escavação foi além do limite ?

Dalcin Leonardi: Foi escavado exatamente no limite previsto. O local será um estacionamento que ficará abaixo do prédio a ser construído. Em cima será uma loja de uso comercial. Isso é o que está planificado.

A Plateia: O que o senhor pretende fazer agora com relação às estruturas do entorno

Dalcin Leonardi: Estamos esperando as deliberações legais da Defesa Civil, e já estamos tomando todas aprovidências para tomarmos as medidas cabíveis para resolver o problema e seguir a obra

A Plateia: Tenicamente o que pode ser feito ?

Dalcin Leonardi: Vai ter que ser refeita a edificação do vizinho e nós vamos fazer com grau de urgência, uma cortina em todo o perímetro e resolver de vez qualquer outra possibilidade. Isso é o suficiente.

 

Por Cleizer Maciel

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