Terremoto em prosa e poesia

Livro digital de Maria Regina Prado Alves já está disponível na internet

A Maria Regina Alves, educadora, conhecida por grande parte dos fronteiriços também por sua atuação política, acaba de somar às suas facetas públicas a autoria de um livro digital intitulado “O Terremoto”. Aos setenta anos e em plena atividade, essa curiosa geminiana tem uma relação íntima com as palavras, revelada anteriormente no primeiro livro “A Goiabeira”, publicado no ano 2000. Para ela, escrever é como dialogar consigo mesma.

Na obra, recentemente disponibilizada na internet, reuniu contos, relatos e poesias escritos há mais de uma década, criados na sequência do livro anterior. No estimulante prefácio, assinado por Maria Helena Schorr, o estilo literário de Maria Regina é classificado como intimista e reflexivo.

Embora seja difícil para ela precisar o momento em que a escrita passou a ser uma constante em sua vida, ainda mantêm vivos na memória os primeiros textos publicados na cidade. Arte, literatura, educação e política, eram os temas das matérias e opiniões veiculados no jornal A PLATEIA, quando dirigida por Jorge Escosteguy. Desde aquele tempo, posições firmes e a diversidade de vivências manifestadas pelo conjunto de seus textos deixam transparecer a trajetória de uma autora inquieta com a realidade.

Em sua experiência de vida soma diversos anos vividos no exterior e uma intensa atuação em Sant’Ana do Livramento. Foi uma das fundadoras da Academia Santanense de Letras e, na política, se elegeu vereadora por duas vezes, além de ter sido presidente da Câmara de Vereadores e vice-prefeita.

As raízes do engajamento podem ter recebido o incentivo na graduação em Ciências Sociais realizada na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). Ainda na educação formal, finalizou o curso Superior de Francês, pela Aliança Francesa de Porto Alegre, sendo essa última qualificação o alvo da dedicação de Maria Regina até hoje. Além de ensinar o idioma oficial da França, essa santanense integra um pequeno grupo de estudos sobre a língua e literatura francesa. O intuito é não deixar desaparecer a Aliança Francesa de Sant’Ana do Livramento, que é terceira mais antiga do país. Abaixo a autora fala sobre sua experiência e a iniciação no livro digital. 

Publicar um livro em formato digital altera a linguagem da obra?

Maria Regina Alves – Acredito que não. A maneira de se expressar de cada um não deve mudar por se tratar de uma publicação digital . O conteúdo é o mesmo. Para quem lê pode sentir a diferença. Nada como manusear um livro, como folhear páginas. Creio que a intimidade com a obra impressa é maior. Mas a vida exige adaptações e mudanças.

P.C – Quais as principais diferenças entre os meios de publicação?

Alves – Para quem publica, deve se considerar o custo e a facilidade de entrar em contato com os leitores de uma forma mais ampla.

P.C – Por que optar por esse formato?

Alves – Pela intenção de atingir um público mais jovem e tentar expandir a sua divulgação do mesmo fora dos limites da nossa fronteira. “O Terremoto”, por exemplo, já foi lido em Portugal e em outros estados da federação, como em Alagoas.

P.C – Em termos de retorno do público, o livro digital se mostra menos satisfatório?

Alves – Não há um retorno imediato. Isso é indiscutível. Quando lancei “A Goiabeira”, autografei por mais de quatro horas. Diria que o contato com o público foi direto assim como os comentários do mesmo através da imprensa escrita e falada. Hoje vivemos em outra época. Precisamos acompanhar o ritmo acelerado dos avanços tecnológicos na área de comunicação. Isso inclui, sem dúvida alguma, o livro digital.

P.C -Existe uma máxima que diz que quem escreve tem um desejo. Concordas?

Alves – Sim. Penso que é o desejo de interagir, de debater ideias, de revisar conceitos. Além do fato de que o ser humano é movido por desejos nesse mundo fragmentado, porém nem todos, obviamente, de forma explícita.

P.C – Qual o teu objetivo ao escrever?

Alves – Exercer a liberdade de dizer o que penso. Refletir ansiedades e alegrias também. Enfim, poder me comunicar nesta selva humana em que vivemos.

P.C – As tuas vivências pessoais costumam ser tema nos livros que escreves?

Alves – Pela ótica com que coloco os problemas, certamente. Não posso me separar do meu ego embora escrevendo na terceira pessoa. Não se trata de relatos pessoais em todo o livro. Não são contos autobiográficos, mas frutos também da minha imaginação e inquietudes sociais.

P.C – Te consideras uma escritora?

Alves – De forma alguma. Jamais! Não vivo do ofício de escrever, nem tenho leitores. Um escritor tem o reconhecimento através de obras publicadas. Não paga para ser lido. Nem teria essa pretensão. Sou apenas uma autora. Afirmo, tão somente, que dou algumas pinceladas sobre temas que mexem com minha sensibilidade momentânea. E, por vezes, fica difícil reler os próprios alfarrábios perdidos em minha própria memória com o decorrer do tempo. 

P.C -Tens outros trabalhos em andamento?

Alves – Atualmente escrevo, com muita cautela, sobre a vida de Glênio Lemos [ex-prefeito de Sant’Ana que foi casado com Maria Regina. Tarefa bastante difícil para mim, pois escrevo na primeira pessoa. Além disso tenho outros contos e poesias que seriam para uma futura publicação. 

Disponível em: http://interagindonomundodaliteratura.blogspot.com.br. O livro reúne mais de 30 contos, relatos e poesias, com temas variados pertencentes ao mundo e também recriados pela ficção.

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