Rolezinhos voltam a ser tema de debates
Bárbara Larruscahim, 27 anos, universitária e militante social fala sobre “rolezinhos” e critica ação da polícia
A militante social Bárbara Larruscahim esteve à frente de uma manifestação em frente ao prédio da Prefeitura na tarde de segunda-feira em apoio à reunião pacífica de jovens no centro da cidade, tema que tem gerado debates entre várias esferas da sociedade. A Plateia procurou a jovem para entender um pouco mais sobre o ocorrido e a juventude.
A Plateia: Quem é a Barbara Larruscahim?
Bárbara: Eu sou militante social, ativista e participo de movimentos aqui na cidade e em Rivera. Além disso, viajo pelo Brasil, sou porta voz como cidadã e defendo direitos que são muitas vezes negados.
A Plateia: Qual curso universitário você frequenta?
Bárbara: Eu faço um curso de sociologia e algumas disciplinas na UNIPAMPA.
A Plateia: É filiada em algum partido?
Bárbara: Sim, sou filiada no PCB e milito na União da Juventude Comunista – UJC.
A Plateia: Qual o movimento que você participa e quem faz parte dele?
Bárbara: Somos um grupo de estudantes e trabalhadores, um coletivo de estudantes e pessoas ligadas a movimento estudantil da UNIPAMPA e de estudantes de Rivera.
A Plateia: Qual a tua reação com a ação da polícia na semana passada sobre os Rolezinhos?
Bárbara: Fiquei apavorada com a repressão da polícia com os guris na esquina da rua Uruguai, é uma repressão da liberdade de expressão, de reunião e isso não pode estar acontecendo.
Chegamos a elaborar um manifesto pela livre reunião e fui ler à tarde no local ali da rua Uruguai, por volta de 15h e os policiais me repreenderam e me conduziram presa, com algemas como se eu fosse uma criminosa. A situação chegou a ser um absurdo. A polícia estava proibindo os adolescentes de sentarem nos bancos.
A Plateia: Como se deu a sua prisão?
Bárbara: Eu estava lendo o Manifesto em face dessa repressão e fui abordada pelos policiais, acabei sendo presa por desacato à autoridade, quando eu estava lá só falando do direito dos jovens ficarem sentados nos bancos e reunidos no centro.
Eu fui acompanhada pelo vereador Aquiles como advogado e fui orientada a fazer uma ocorrência, mas a polícia civil não quis registrar minha queixa. Foi-me negado o direito de fazer uma ocorrência sobre o modo como fui tratada pelos policiais e vou procurar defesa junto ao Ministério Público, mas a minha bandeira é lutar pelos direitos civis e constitucionais sejam dos adolescentes e de toda a sociedade.
A Plateia: Por que você sai em defesa dos jovens a adolescentes participantes dessa reunião do centro da cidade?
Bárbara: Eu converso com eles enquanto cidadã, porque eu acho um absurdo o que está acontecendo. Não é por eles, é por um direito constitucional de qualquer cidadão. Todos são livres para se reunir e não se pode tolher o direito de todos por casos isolados.
A Plateia: E como você vê o outro lado da bagunça?
Bárbara: Eu considero que são casos isolados, o que eu sei são de dois atos, um roubo de boné e uma brincadeira de bexigas. Não estou defendendo a bagunça, mas nem sempre é possível evitar as brincadeiras onde jovens se reúnem, mesmo assim não se pode proibir que jovens se reúnam no centro. Não acho que direitos constitucionais devam ser violados.
Eu tenho um projeto de fazer atividades com este pessoal e fui ao encontro do secretário de Cultura e o vereador Aquiles no sentido de propor projetos e uma agenda cultural. A minha proposta é essa.
A Plateia: Você não considera que essa reunião seja um tipo de rolezinho?
Bárbara: Estamos dentro de um sistema capitalista onde as pessoas têm de comprar, mas para quem não pode ou não o quer, eles buscam os centros comerciais para ostentar, para passeio, o estranho é que ali as pessoas vão só para comprar e eles se reúnem dentro do espaço comercial para conversar, é direito deles. Eu não nomeio assim por que isso sempre aconteceu ali, da gurizada se reunir e ficar sentada nos bancos do Centro, só que agora o número de pessoas cresceu, pelas férias ou influência da internet, mas ainda assim eles não podem ser proibidos de frequentar o centro da cidade.
Por exemplo, na avenida Sarandi, muitos se reúnem e não vão comprar, lá há o mesmo ajuntamento e eles não são expulsos, só que aqui, em Livramento, estes jovens não consomem e esse é o grande problema.
A Plateia: E qual a tua opinião sobre os pais desses jovens?
Bárbara: Eu acho que estão querendo responsabilizar demais os pais, os adolescentes estavam de férias, não se pode proibir os jovens de sentar em pleno centro na praça, os pais não podem proibir que eles saiam de casa para encontrar os amigos em plena tarde no centro da cidade. Os pais não podem ser responsabilizados pelos filhos irem ao centro da cidade e não se pode proibir eles de saírem de casa.
Não acho que boas pessoas devam ser penalizadas pela conduta de um ou dois que agiram errado, não estou em defesa destes, mas os jovens não são ameaça social e não devem ser proibidos de ir ao centro.
A Plateia: Como você enxerga as atividades culturais da cidade?
Bárbara: A juventude mudou e muitas coisas não interessam a eles, infelizmente muitas atividades não estão sendo mais atrativas para essa garotada. No entanto, me reuni com o secretário de Cultura e vamos desenvolver atividades de teatro de rua, ocupar as praças com atividades de música, pintura e chamá-los para atividades mais interessantes, queremos politizá-los ao invés de expulsá-los da convivência em grupo.
Com relação aos direitos entre comerciantes e adolescentes no Centro, vejo que há uma inversão de valores, está se colocando outros direitos acima de direitos constitucionais, e hoje o capitalismo está tendo mais ênfase que direitos constitucionais e civis.