Engarrafamento da Almadén deverá sair do município

Confirmação surgiu em conversa de Vera Henquer com o diretor do Miolo Wine Group Adriano Miolo, na quinta

A confirmação de uma informação que pairava, em forma de boato, sobre a cidade, foi angustiante. Ontem,no Sindicato nos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, no Armour, uma informação veementemente negada pelo diretor Paulo Miolo, do Miolo Wine Group, em 23 de dezembro de 2013: o engarrafamento dos vinhos produzidos pelas uvas colhidas na Almadén de Livramento será centralizado em Bento Gonçalves. A palavra final foi do próprio diretor superintendente da MWG, o enólogo Adriano Miolo, em conversa via telefone com a presidente do Sindicato da Alimentação Vera Henquer, na tarde de quinta-feira.

Adriano confirmou o que Paulo negara em 23 de dezembro de 2013, quando surgiram os rumores de que não mais seria realizado o engarrafamento em Livramento. A unidade santanense permanecerá como produtora de uvas, devendo enviar para engarrafamento em Bento essa produção.

O motivo para suspender o engarrafamento em Livramento, conforme a conversa de Adriano Miolo com Vera Henquer, seria a questão logística. Não é segredo que as empresas do grupo passam por uma reengenharia administrativa, sendo foco justamente a vinícola no território santanense. 

O histórico da situação 

Ao centro, o repórter Cleizer Maciel com Paulo Miolo, negando que houvesse mudança, durante entrevista na frente da Almadén em 23/12/13

Na semana antecedente ao Natal, mais propriamente entre os dias 20 a 22 de dezembro, começou a circular na cidade o que se acreditava ser só um boato; porém tornado realidade menos de 20 dias depois da negativa do representantes da empresa. O engarrafamento da vinicola estaria sendo retirado de Livramento por motivo de redução de custos, entre outras questões logísticas. Não houve qualquer confirmação pública por parte da representação da empresa.

Entretanto, a presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação, Vera Henquer, ouviu a confirmação na palavra do próprio Adriano Miolo. Inclusive ocorreram demissões na planta industrial de Livramento ontem. A reportagem tentou contato com Adriano Miolo ao longo de praticamente toda a tarde de sexta-feira, sem sucesso.

A paralisação da Vinícola Almaden em 23 de dezembro do ano passado foi de duas horas e 100% dos trabalhadores pararam suas atividades, inclusive o escritório. A mobilização demonstrou união, força e organização.

Naquele momento, os trabalhadores disseram que só iriam iniciar o trabalho depois que diretores da empresa explicassem sobre a ameaça de demissões devido a transferência do engarrafamento para Bento Gonçalves.

A presidente do Sindicato dos Trabalhadores Vera Henquer, coincidentemente dois diretores da empresa encontravam-se na cidade e explicaram aos trabalhadores que não existia nenhum projeto e fechamento ou redução no número de trabalhadores, exceto por problemas na economia nacional. “ele garantiu a manutenção dos postos de trabalho”, explica. O presidente da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação RS (FTIA/RS), Valdemir Corrêa avalia como positiva a paralisação, tendo em vista que 100% dos trabalhadores ficaram parados por duas horas.

“Questionamos o diretor da empresa sobre o fechamento do engarrafamento já que a produção – vinhedo – aumentou. Ele respondeu que realmente não havia lógica e garantiu a manutenção dos postos de trabalho”, conta Corrêa.

Para finalizar a presidente do Sindicato, Vera Henquer, informa que diante de todas as explicações dos empresários a direção da entidade continua preocupada com as possibilidades futuras. Para isso esteve reunida, no período da tarde, no dia da paralisação, com o prefeito Glauber Lima e o então presidente da Câmara de Vereadores Dagberto Reis que também demonstraram a mesma preocupação e manifestaram apoio aos trabalhadores. “Com isso, o Sindicato alerta à todos que continuaremos atentos, não iremos desanimar diante dos fatos”, conclui Vera Henquer.

Estiveram apoiando a paralisação a FTIA/RS, CUT-RS, CTB e dirigentes dos Sindicatos de Santa Maria, Marau, Porto Alegre, Itaqui e Pelotas. Além da CONTAC e representantes dos Sindicatos dos Comerciários, municipários e Fecosul.

Sindicato, prefeitura e Câmara estão chamando sociedade à mobilização

Reação à virtual realidade que está prevista teve início na manhã de ontem, com reuniões entre agentes políticos

Vera Henquer, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação

O prefeito em exercício Edu Olivera e a presidente Vera Henquer conversaram ontem pela manhã, a fim de articular uma mobilização buscando reverter a decisão do Miolo Wine Group. O primeiro passo, conforme informou Vera Henquer, foi mobilizar os trabalhadores e os sindicalistas de outras regiões do Estado para que venham para Sant’ Ana do Livramento. Assim, na segunda-feira, haverá representantes dos mais diversos sindicatos, bem como uma série de outras representações estaduais.
Edu Olivera também convidou para conversar o presidente da Câmara de Vereadores, Gilbert Gisler, o Xepa.
“Nós vamos mobilizar e disse a Vera, hoje, não apenas nos somar a esse movimento, mas, sobretudo compartilharmos o comando na união de forças para que tentemos reverter essa decisão, caso, efetivamente, a empresa a coloque em prática como está previsto” – disse o prefeito em exercício.

Contato telefônico

Edu Olivera, vice-prefeito municipal no exercício da titularidade como prefeito

Edu Olivera também entrou em contato com um dos sócios do Miolo Wine Group, Eurico Benedetti, com quem manteve uma conversa durante parte da manhã de ontem.

“Manifestei nossa tristeza e decepção com a decisão tomada pela empresa e roguei que fosse dada uma justificativa por parte da empresa, especialmente pela afetividade que existe entre a comunidade santanense e a marca Almadén, que é um lenitivo nosso, manifestação do orgulho e da auto estima de Sant’ Ana do Livramento e isso todos nós temos a obrigação de defender e zelar” – disse o prefeito em exercício.

De acordo com Edu Olivera, Eurico Benedetti deverá estar em Sant’ Ana do Livramento para conversar na próxima quarta-feira, para trazer e divulgar para a empresa uma posição oficial.

O prefeito em exercício afirma que é de fundamental importância que as forças sociais da comunidade se instituam como uma força tarefa a fim de buscar a reversão da decisão da empresa.
“Não é tão somente o nosso orgulho, nossa autoestima, mas é preciso ponderar sobre os postos de trabalho que deixarão de estar disponíveis, afetando também a economia local; é menor arrecadação de ICMS – inclusive já mandei levantar quanto Livramento perderá com essa decisão, mas precisamos considerar também que existe , ou pelo menos deve existir um compromisso da empresa com o local onde está baseada” – opina o prefeito em exercício salientando que é justamente isso que deve ser cobrado.
Na conversa com Benedetti, segundo Edu Olivera, recebeu como resposta que era uma das estratégias que o MWG estava tomando nas realocações administrativas. Benedetti também falou a Edu sobre os planos de ampliação dos vinhedos, bem como investimentos no Enoturismo, entre outras ações. “Pode ser uma forma de compensação a longo prazo? Pode, mas precisamos, antes de mais nada que conheçamos essa nova Almadén que está sendo pensada” – disse Olivera.

Gilbert Gisler, o Xepa, presidente da Câmara de Vereadores de Sant’ Ana do Livramento

O presidente da Câmara de Vereadores, Gilbert Gisler, o Xepa, deixou claro que é uma situação, em seu entendimento, muito estressante e nada positiva. “Vamos procurar formar um conjunto de forças com a finalidade de buscar reveter essa nova condição” – disse ontem, salientando que já conversou com algumas lideranças locais.
“Inclusive, como se trata de uma questão do interesse de Sant’ Ana do Livramento, vamos convidar todos os vereadores para que se aliem, deixando partidos de lado, e passando a trabalhar juntos na reversão dessa decisão” – disse Xepa ontem.
O legislador também informou que estará engajado no sentido de, sob o ponto de vista do parlamento, trabalhar com os instrumentos necessários até mesmo para buscar alternativas se, efetivamente, for a questão custo e logística, o cerne de motivos da empresa para a tomada de decisão.
Xepa também ponderou sobre a necessidade de que a comunidade santanense seja publicamente comunicada do que estará ocorrendo e da forma como pretende se estabelecer a empresa em âmbito local a partir da reestruturação que está colocando em implementação na unidade produtiva de Livramento.

Uma posição revista

Adriano Miolo: confirmação telefônica em 20 de dezembro

Em contato telefônico que teve a iniciativa de realizar em 19 de dezembro de 2013 ao diretor de A Plateia, Kamal Badra, o empresário Adriano Miolo falou a respeito da circulação do boato de que o engarrafamento da empresa sairia de Livramento e negou que estivesse definida essa condição. A manifestação do próprio Miolo foi publicada na coluna Bastidores, do jornalista Édis Elgart, na edição de 20 de dezembro.
Após, no dia 23 de dezembro, pela manhã, a unidade móvel da rádio RCC FM foi até a vinícola, tendo o repórter Cleizer Maciel conversado com Paulo Miolo, o qual também negou que tal alteração tivesse sido definida para execução.
Com as duas manifestações reduziram, à época, a incidência de boatos circulando.
O fato é: ou efetivamente houve uma revisão da posição da empresa ou o que começou como boato realmente tinha fundamentação.

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