Operação anti-colapso no DAE

Após uma semana na função, diretor operacional Jânio Chipollino monta força-tarefa para lidar com o problema e confirma: “a situação é bem mais grave do que se possa pensar e exige ações práticas”

Chipollino supervisionando o trabalho na região do Planalto, ontem

O empresário Jânio Chipollino recebeu, do prefeito Glauber Lima, a missão de reverter o quadro de colapso grave no abastecimento de água em Livramento. Está tentando cumprir a tarefa, utilizando legítimas estratégias de mobilização e ação direta. Durante cerca de 40 minutos, ontem à tarde, enquanto conversou com a reportagem de A Plateia, atendeu 15 telefonemas, entre despachos de comandos e orientações, além de receber informações sobre as situações nos vários locais da cidade: todos, em sua maioria, sem água. É possível entender, segundo o novo diretor – conhecedor profundo da realidade industrial-operacional da autarquia -, que não há solução da noite para o dia, mas passado o período de festas de fim de ano, já será possível amenizar a situação. Ele concedeu entrevista pouco antes das 15h, enquanto tentava almoçar.

Consertamos a situação de vazamento no acesso ao Planalto, mas isso não vai normalizar o abastecimento. O poço do Sistema Keneddy, que abastece o bairro, não tem mais condições. A solução é, nos primeiros dias de janeiro, furar um poço novo e colocar em operação o mais rápido possível. Tem muito para fazer, porque a situação é muito grave, mais do que pensávamos, mas vamos conseguir. Preciso do apoio e da compreensão da população, que confia no nosso trabalho” .
Jânio Chipollino

 

Força Tarefa

Obra no Planalto, ontem, foi de porte e exigiu trabalho intenso da equipe, conforme constatou Jânio Chipollino

O novo diretor operacional da autarquia ouviu do prefeito Glauber Lima, ontem pela manhã, que não deve medir esforços para encaminhar as soluções urgentes, emergenciais, de curto, médio e longo prazo. Passou a estruturar uma verdadeira força-tarefa, chamando integrantes para formar uma equipe, recrutados entre os servidores da autarquia, com quem já havia trabalhado quando exerceu funções semelhantes no DAE.

“O prefeito autorizou que contássemos com o apoio da Secretaria de Obras e da Agricultura. Ontem, recebemos duas retroescavadeiras e um caminhão-tanque, além do pessoal cedido para operar. Quando me chamou, o prefeito Glauber garantiu – e está cumprindo – tudo o que fosse necessário para melhorar essa condição de colapso no abastecimento de água na cidade” – disse Jânio Chipollino, ao ser perguntado como voltou à autarquia – por onde passou em governos anteriores, permenecendo afastado vários meses.

A Plateia: Como solucionar a falta de água na cidade?
Jânio Chipollino: Não será do dia para a noite. Não tenho varinha mágica. O sistema de conexões, as redes, o material utilizado… são antigos. Alguns poços não têm a mesma vazão, operam hoje com metade da capacidade. Eu sinto muito dizer, mas é a verdade: precisamos realizar investimentos e nos prepararmos para situações extremas. Já se sabe, aumentou o consumo agora, porque tem muitas pessoas de outras cidades neste período de festas. O consumo de água aumentou, agravado pela temperatura elevadíssima. Mas, em início de janeiro, já começa a normalizar. Isso não é desculpa, precisamos nos preparar para o verão que vem, o fim do ano de 2014 e os próximos anos. E isso no operacional. Planejamento é importante, mas tem que dar atenção efetivamente à parte operacional e funcional, pois é o que faz funcionar o DAE. Peço paciência às pessoas, e que ajudem, fazendo economia, não lavando calçadas ou desperdiçando. É como vamos amenizar agora, nestes dias, trabalhando juntos. A crise é muito grave, mais grave do que pensei, porque até hoje não houve preparação para enfrentar o aumento de consumo, que é histórico nesta época.

A Plateia: Qual a produção de água hoje?
Jânio Chipollino: Não tenho os dados atuais. Recém vou começar a recebê-los. Historicamente, a produção de verão era, nos 34 poços do sistema do DAE, 1 bilhão e 200 milhões de litros. Hoje, estamos com todos os poços funcionando dia e noite e não dá vencimento. O consumo aumentou muito e nossos reservatórios – que são poucos – baixaram muito.

A Plateia: No Planalto – e adjacências – qual a solução para o desabastecimento?
Jânio Chipollino: Não admito ter que fazer racionamento onde quer que seja. O poço 2 do sistema Kennedy não tem mais condições. Vamos perfurar um outro agora em janeiro. Ele foi construído em 1989, quando Elifas Simas era diretor do DAE e tinha vazão de 70 mil litros por hora. Hoje, não passa de 20 mil litros. O consumo excessivo não deixa sobra de água, e em todos os locais, não há como encher os reservatórios. Vamos perfurar um poço de 80 mil litros em janeiro, ali na Kennedy. É como vai se abastecer a Kennedy, Planalto, Argilês, Cohab.

A Plateia: E quanto aos reservatórios e poços novos?
Jânio Chipollino: Os reservatórios não completam. Estão sempre abaixo do nível pelo consumo acentuado. Antes armazenávamos água à noite para liberar de dia, agora é direto, todos funcionando direto. Atrás do residencial Santanna, está o poço 10, que é do Sistema Hidráulica e lá houve um problema recente, quando foram fazer uma limpeza. É outro que terá que ser desativado e vamos ter que perfurar outro. É um dos poços que ajuda o abastecimento do centro e a zona elevada.

A Plateia: Solução para Tabatinga e Wilson?
Jânio Chipollino: Na Tabatinga, historicamente não há água, pois há poços pequenos. E ainda, se faz injeção de água a partir do sistema Armour para a Alexandrina – o que desabastece o Armour. Fazíamos o mesmo antes, só que com o sistema Brasília, hoje não dá para fazer mais. No inverno passado, furaram um poço e ainda não foi ativado: falta rede de alta tensão. Vamos ativar, esperamos só a AES Sul, e também vamos fazer uma ligação, uma rede que em 4 dias já estará pronta, para auxiliar e buscar também reservar. Vai demorar um pouco, mas vai ser solucionado.

A Plateia: E na Queirolo e Nova Livramento?
Jânio Chipollino: O Prado tem muita água. Naquele sistema e no Sistema Registro vamos atuar. O Registro tem um reservatório que opera com metade da capacidade, 200 mil litros. Isso impede que a água vá às regiões mais altas da Queirolo, Jardim dos Plátanos, etc.. Vamos resolver usando água do Sistema Prado, com uma nova ligação que está sendo elaborada. Temos duas bombas trabalhando, mas o reservatório seca muito rápido. Precisamos estar cuidando, quando desligamos uma delas, a água volta naquela região. Temos algumas soluções paliativas para lançar mão, por enquanto, e vamos fazer, será uma interligação com o Sistema Registro para a água subir.

A Plateia: E na Vila Municipal, Fortim e outros?
Jânio Chipollino: Estamos atacando os locais mais graves. A Municipal, a João Pessoa e o centro, estão no sistema Elevado. A solução, por agora, é abastecer o reservatório do elevado com caminhão tanque (quantas vezes for necessário), pois do elevado a água vai para o elevadiço – que precisa de determinado nível para começar a distribuir. Vamos colocar dois reservatórios de 300 mil litros já agora em janeiro. Essa força-tarefa que montamos se dá porque já passei pelo DAE em outras épocas, e nunca vi um problema assim, tão grave. Esperamos que a autarquia mantenha o apoio ao operacional e ao funcional, que fazem o DAE andar, solucionar. Historicamente, o DAE vem com problemas estruturais, além de um aumento no consumo de 30%, no mínimo. Estamos trabalhando firme, e peço que a população ajude.

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