Em busca de uma solução definitiva

Um dos grupos de trabalhadores do camelódromo pede fiscalização e espera melhores condições

Camelódromo que deveria ser provisório, virou corredor junto à Praça dos Cachorros


Dentro dos tapumes: interior da praça limpo, por iniciativa dos camelôs

Ontem, diante do impasse em torno do assunto camelôs, foi gerada uma reação por parte dos diretamente interessados – instalados junto à praça Flores da Cunha. É a primeira vez que se registra o desejo de manifestação pública por parte dos trabalhadores. Embora não exista unidade entre as frações de trabalhadores ou consenso nos entendimentos, o desejo é de solução célere, a fim de que possam dar continuidade a suas vidas.

Ontem à tarde, por solicitação de um grupo de trabalhadores, a reportagem foi até o local, constatando que a colocação dos tapumes na praça gerou um efeito complicador: acentua-se o calor. A colocação de lonas e sombrites entre as barracas e os tapumes – para amenizar a incidência do sol forte – causou um corredor de lado a lado, entre uma ponta e outra da praça. A alta temperatura ali é motivo de reclamação dos trabalhadores.

 

O camelô Marcos Antonio Cabó Pinheiro, à esquerda na foto, e o corredor de passagem no camelódromo

A juíza Carmen Lúcia Santos da Fontoura fixou prazo, em decisão judicial, para que o município tome uma providência efetiva: remova e realoque os camelôs instalados na avenida João Pessoa, junto à praça General Flores da Cunha, a popular Praça dos Cachorros. A magistrada, no início da semana – durante entrevista ao programa Canal Livre, da rádio RCC FM, deixou claro que seu interesse, exclusivamente, é a solução para o problema – a realocação e a disponibilidade de condições de trabalho dignas para as pessoas que trabalham no camelódromo – e o restauro da praça General Flores da Cunha e sua devolução à coletividade. A data limite estabelecida pelo juízo é dia 20 de dezembro, ou seja, sexta-feira. No mesmo texto, após ter discorrido sobre todo o processo de negociação ocorrido ao longo do processo, a juíza determina que o município pague multa diária de R$ 2.000,00 a partir de 20 de dezembro (dia em que findam os dez dias que ela estabeleceu para a providência municipal). A magistrada também condenou o município por litigância de má fé, arbitrando em 20% sobre o valor total das multas fixadas.

O procurador do município, Virlei Becker, atendendo determinação do prefeito Glauber Lima, ingressa com recurso, agravando a decisão de primeiro grau. O próprio prefeito, quando recebeu o mandato de imissão na posse da área de estacionamento do cinema Internacional (onde consta que seja desenvolvida a futura instalação do camelódromo, nos moldes de um shopping popular de compras), disse que antes do fim deste ano não tomaria qualquer medida. “Os camelôs permanecerão onde estão até o fim deste ano, pelo menos” – disse, à época, o mandatário. 

O que pensam 

Bruno, o Sabiá, afirma que fiscalização no local deve ser constante e é essencial

“Queremos fiscalização nos dias de semana e durante a semana. A prefeitura precisa disponibilizar. Como não há fiscais circulando cotidianamente, temos registrado pessoas que se instalam com churrasqueiras para vender assados; tem gente que chega e bota mesa e barraca na praça e, ainda, tem uruguaio que se coloca ali” – refere o torneiro mecânico João Carlos Bruno, que trabalha como camelô há 32 anos, 18 deles junto à praça. Vive e sustenta sua família – bem como a faculdade dos filhos – da barraca que comercializa. Bruno, mais conhecido como Sabiá, é microempreendedor individual e confirma que a situação está muito difícil para todos seus colegas de comércio popular.

“No verão passado, teve gente indo parar no hospital em função do sol e do calor. Teve pessoas aqui com insolação” – afirma. “Não queremos isso de novo acontecendo, e outra: turista não entra aqui porque vê esse túnel apertado e quente, esses tapumes e não circula. Acredito que a Prefeitura e a justiça estão, cada qual, dentro do que é direito, mas precisam olhar para nós, diretamente, com essa situação” – afirma ele. “Tenho certeza que nós também somos culpados, pois não conseguimos nos unir” – refere o trabalhador, que atua desde 1981.

Carlos Cezar Gonzales: tristeza com a situação

Carlos Cesar Gonzales não esconde a tristeza. “Estão todos muito mal instalados aqui. Se não tem infraestrutura no local, para onde querem que a gente vá, que estrutura tem aqui?” – questiona. De acordo com ele, são 80 famílias trabalhando diariamente no local, de forma direta, sem falar nas pessoas que vendem lanches ali, outras que transportam e, enfim, prestam algum tipo de serviço. Gonzales faz menção a Uruguaiana, onde trabalhou, confirmando ter retornado pelas melhores condições em função do público da fronteira e, hoje, passados mais de 6 anos, todos enfrentam uma situação dramática, inverno e verão.

Além de pedir fiscalização constante no local, o interior da praça é mantido limpo por eles. “Não é a Prefeitura que limpa a praça. Nós, camelôs, pagamos para que mantenham limpo o local, porque também é ruim para nós se houver sujeira e mau cheiro aqui” – destaca um terceiro trabalhador do local, falando de passagem pois se dirigia até as imediações para pegar água, a fim de amenizar o calor.

Água, em boa quantidade para todos, é indispensável no “corredor do calor”

Como sugestão, dentro das possibilidades das autoridades locais, os camelôs que entraram em contato com a reportagem gostariam que Executivo, Judiciário e também o Legislativo fossem até onde eles estão, para buscar uma saída que contemplasse prazo fixo e um projeto condizente.

 

 

 

 

 

 

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1 Comentário

  1. Chico

    Ta bem que sejam todos trabalhadores, porem está tirando o direito de ir e vir do povo brasileiro, pois, não da para os pedestres transitarem na praça, calçada e principalmente os carros na rua corem o risco de bater em alguém que transita na rua próxima as tendas de lona dos camelos, eles estão reclamando muito e pensam que a população é “BOBA”, estão no melhor ponto da cidade, vão ser alocados em um excelente ponto que é ao lado do cinema internacional, pago com nossos impostos, o que tem menos deles (camelos) tem três carros, caminhonete, chácaras, gado etc, é como diz o Duda” então ta”.

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